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Pai do Serviço Nacional de Saúde vai ser homenageado através de uma cantata de Natal

Notícias de Coimbra | 2 anos atrás em 28-10-2021

Independentemente de ser agnóstico, António Arnaut sempre encarou o Natal como “espaço de eleição para exprimir a fraternidade, a inocência pura e a esperança na renovação da Humanidade”, declarou a Notícias de Coimbra o professor universitário Delfim Leão.

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Doutorado em História da Cultura Clássica e professor catedrático da Universidade de Coimbra (UC), Delfim Leão é um profundo conhecedor da obra literária de António Arnaut, falecido em 2018, criador do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na qualidade de ministro dos Assuntos Sociais (1978), co-fundador do PS e antigo grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (Maçonaria).

O ex-governante vai ser homenageado através de uma cantata de Natal, que está a ser composta pelo organista titular da capela de S. Miguel da UC, Paulo Bernardino. Trata-se de uma obra coral-sinfónica, inspirada no livro ‘O Pássaro Azul – contos e poemas de Natal’.

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Filho de Joaquim Bernardino, natural de Penela, tal como Arnaut, Paulo aspira a transformar em música a poesia e ficção de ‘O Pássaro Azul’.

Sem embargo de o advogado e escritor sempre se ter declarado agnóstico, o organista encontrou em ‘Contos e poemas de Natal’ “o verdadeiro espírito natalício cristão”.Paulo Bernardino pretende criar “uma obra musical de envergadura”, quer em duração (cerca de 60 minutos), quer em dimensão (orquestra, coro e solistas).

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No preâmbulo de ‘O Pássaro Azul’ escreveu o autor que “de maravilhoso e comovente no Natal não são os brinquedos comprados pelos pais para as crianças; maravilhoso e comovente é o regresso dos adultos à pureza da infância”.

“Nasceu uma criança a que chamaram (…) Jesus, e o mundo ficou outro, um mundo novo, suspenso para sempre de uma cruz”, adverte, no poema ‘Milagre’, o autor de ‘O Pássaro Azul’.

Escreveu, ainda, Arnaut que Natal é “semente, luz, abraço e promessa a fecundar o vento”, sem deixar de questionar “quem Cristo expulsaria, agora, do Templo, se voltasse”.

“Todos nós temos um pássaro azul à espera; se olhares à tua volta, vê-lo-ás no alvor de todas as manhãs, na ardência de todos os ocasos, na saudade de todos os cais, na floração de todas as árvores, na teia de todos os cânticos e, até, no teu próprio rosto quando a alma te for o espelho de todos os sorrisos”, assinalou o advogado e escritor.

Para Delfim Leão, no poema ‘Felizes os que acreditam’, o autor “leva mais longe a ideia de que um espírito agnóstico não tem o bálsamo dos que creem que o fim é o princípio”, embora confie em que “fica a memória, a obra, o nome / que os vindouros julgarão / conforme o ágio dos tempos”.

“É precisamente como contraponto a um ‘tempo de finitude’, da consciência terminal da vida, que a imagem da esperança se afirma, com discreta, mas intensa, luminosidade, nos poemas que abordam o Natal”, conclui o professor universitário.

 

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