Um padre, de 65 anos, natural de Vila Nova de Foz Côa, está acusado pelo Ministério Público de abusar sexualmente de um homem de 47 anos, portador de deficiência mental ligeira, que estava sob sua tutela e vivia numa situação de extrema vulnerabilidade social e económica.
Segundo a acusação a que o Correio da Manhã teve acesso, os abusos começaram em 2018. O sacerdote terá aproveitado a dependência da vítima, que não tinha casa, dinheiro ou trabalho, para exigir práticas sexuais em troca de manutenção e pagamento pelos trabalhos que a vítima realizava na paróquia, como cortar erva, vindimar e apanhar azeitonas e amêndoas. O padre alegadamente dizia frases como: “Eu sei que gostas, tu fazes a mim e eu faço a ti, somos os dois homens e não há problema”, ameaçando cortar o pagamento caso a vítima recusasse.
Durante quatro anos, entre 2018 e 2022, os abusos ocorreram em diversos locais, incluindo o carro e a casa do padre, a sacristia e o salão paroquial. Inicialmente, a vítima residia num sótão de propriedade da igreja, mudando-se depois para um anexo de um dos quartos da casa.
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O arguido tentou, em várias ocasiões, que a vítima praticasse sexo anal, mas esta sempre recusou. Em meados de 2022, após recusar novas propostas de contacto sexual, o sacerdote terá feito ameaças graves, afirmando que poderia amarrá-lo e forçá-lo. Temendo concretização da ameaça, a vítima procurou ajuda junto de uma sobrinha, que denunciou os acontecimentos às autoridades.
O DIAP da Maia apresentou a acusação por abuso sexual de pessoa incapaz de resistência, mas o advogado do padre, José Nuno Barreto, nega a prática de crimes graves e afirma que continuam convictos da inocência do arguido.
O julgamento ainda não tem data marcada. A vítima, devido à deficiência mental ligeira, encontrava-se particularmente vulnerável, dependendo economicamente do sacerdote e do apoio da paróquia, que incluía alojamento, alimentação e acesso a serviços básicos como televisão e internet.
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