Justiça
Overdose acidental, interesses, bode expiatório e “18 anos depois não sabemos quem é Maddie McCann”

Imagem: Reprodução NOW
No segundo dia das buscas conjuntas da Polícia Judiciária portuguesa e das autoridades alemãs, foram recolhidas provas numa casa abandonada entre Lagos e a Praia da Luz, no Algarve, numa operação que visa encontrar respostas para o desaparecimento de Madeleine McCann, em 2007.
Contudo, o investigador à época do caso, Gonçalo Amaral, mostra-se cético quanto à utilidade destas diligências.
PUBLICIDADE
Em entrevista ao canal Now, Gonçalo Amaral classificou as buscas como uma “aldrabice” e questionou a razão pela qual a polícia portuguesa está a acompanhar as investigações lideradas pelos alemães, insinuando a existência de interesses ocultos entre o procurador português e membros da polícia britânica.
O ex-detetive mantém a convicção de que o principal suspeito apontado pelas autoridades alemãs, Christian Brueckner, não é o culpado pelo desaparecimento da criança. Para Amaral, Brueckner serve apenas como “bode expiatório”, numa tentativa de desviar a atenção do verdadeiro foco do caso, e alerta para a ausência de provas concretas que o liguem ao crime, incluindo dados de telemóveis.
Gonçalo Amaral voltou a apontar o dedo aos pais de Madeleine, Kate e Gerry McCann, sustentando que, em desaparecimentos de crianças, os primeiros suspeitos devem ser aqueles responsáveis pela sua guarda. Esta linha de pensamento, afirma, já foi partilhada pelo anterior diretor nacional da Polícia Judiciária.
O ex-investigador levantou ainda dúvidas sobre o conhecimento real que se tem da criança desaparecida: “Hoje, 18 anos depois, não sabemos quem é Madeleine McCann”. Amaral criticou o envio dos vestígios recolhidos para análise no Reino Unido, sugerindo que houve manipulação e que exames importantes, como os relacionados com cabelos e fluidos encontrados num carro alugado, nunca foram devidamente analisados.
Além disso, evocou a possibilidade de a criança ter sofrido uma overdose acidental, relacionada com a administração de medicamentos sedativos por parte dos pais na noite do desaparecimento, e recordou a existência de uma marca única no olho de Madeleine, possivelmente ligada a um problema cardíaco que a família terá tentado ocultar.
Christian Brueckner, atualmente preso por outro crime no Algarve, poderá ser libertado em setembro, altura em que, segundo Amaral, poderá desaparecer para a Alemanha. Até ao momento, nunca foi formalmente acusado pelo desaparecimento da menina.
Em 2017, o Supremo Tribunal de Justiça confirmou a decisão de revogar uma indemnização de 500 mil euros que Gonçalo Amaral teria de pagar aos pais de Madeleine, devido à publicação do seu livro polémico “Maddie: A Verdade da Mentira”, onde expôs a sua teoria sobre o caso.
Este episódio reacende a polémica em torno do desaparecimento que continua sem resposta, 18 anos depois, num caso que continua a dividir opiniões e a suscitar desconfiança entre investigadores e familiares.
Gonçalo Amaral mantém a convicção de que, um dia, todos vão saber a verdade: “Vamos, vamos. Eu tenho perfeita consciência que vamos. No dia em que a Polícia Judiciária em Portugal e o Ministério Público decidirem: nós, agora, vamos terminar aquilo que se começou. Não tenha dúvidas de que vamos saber”, garantiu.
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE