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Os primeiros dinossauros podem estar escondidos nos lugares menos acessíveis da Terra

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 24-12-2025

Os fósseis dos primeiros dinossauros que habitaram a Terra podem estar escondidos em algumas das regiões mais remotas e difíceis de investigar do planeta, como a Amazónia e o deserto do Saara. A conclusão é de um novo estudo desenvolvido por investigadores do University College London (UCL) e do Museu de História Natural do Reino Unido, publicado na revista científica Current Biology.

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Atualmente, os fósseis de dinossauros mais antigos conhecidos datam de cerca de 230 milhões de anos e foram encontrados em áreas que integravam Gondwana, a metade sul do supercontinente Pangeia. No entanto, estes exemplares pertencem a ramos evolutivos relativamente distantes entre si, sugerindo que os dinossauros já estavam em processo de diversificação e dispersão global há vários milhões de anos antes desses registos.

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A descoberta de fósseis contemporâneos também na Laurásia, a massa continental do norte, veio reforçar a ideia de que a origem dos dinossauros ainda não foi plenamente identificada. Entre os dois hemisférios, os cientistas identificam uma grande lacuna no registo fóssil nas regiões equatoriais, o que levanta dúvidas sobre a verdadeira ausência de dinossauros nesses territórios.

Segundo os investigadores, a falta de fósseis não significa necessariamente a inexistência de dinossauros, mas pode refletir condições desfavoráveis à preservação ou dificuldades de acesso às zonas onde esses vestígios poderão existir. Para que um fóssil se forme, são necessárias condições muito específicas, como o rápido soterramento do corpo do animal após a morte ou, no caso de pegadas, o preenchimento e compactação adequados da lama.

Mesmo quando essas condições são cumpridas, encontrar os fósseis continua a ser um enorme desafio. O estudo, liderado pelo paleontólogo Joel Heath, destaca que expedições paleontológicas na Amazónia e no Saara são raras devido ao ambiente hostil, à inacessibilidade de vastas áreas, bem como a fatores socioeconómicos, instabilidade política e ao legado do colonialismo, que historicamente dificultaram a investigação científica nestas regiões.

Para contornar estas limitações, os cientistas recorreram a um modelo inverso da evolução dos dinossauros, combinando dados de fósseis conhecidos, relações taxonómicas entre dinossauros e répteis aparentados, e a geografia do período em estudo. Em vez de assumirem que a ausência de fósseis indica ausência de dinossauros, essas regiões foram classificadas como áreas com informação em falta.

Os investigadores testaram três cenários evolutivos distintos e concluíram que um deles — que aponta para uma origem gondwânica em baixas latitudes — é fortemente apoiado. Nesse cenário, os silesaurídeos, considerados parentes próximos dos dinossauros, teriam sido ancestrais dos ornitísquios, um dos três grandes grupos de dinossauros que está ausente dos registos fósseis mais antigos conhecidos.

Curiosamente, esta região de Gondwana de baixa latitude corresponde também ao ponto intermédio entre os fósseis mais antigos já descobertos. “Até ao momento, nenhum fóssil de dinossauro foi encontrado nas regiões da África e da América do Sul que outrora integravam esta parte de Gondwana”, refere Joel Heath. “No entanto, isso pode dever-se ao facto de ainda não termos identificado as rochas adequadas, em grande parte devido à inacessibilidade e à escassez de esforços de investigação.”

Os cientistas acreditam que futuras expedições nestas zonas poderão revelar capítulos fundamentais da história evolutiva dos dinossauros, alterando de forma significativa o que se sabe sobre a origem destes animais icónicos.

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