A história de Portugal contada a partir de sobressaltos que a população enfrentou como ocupações, terramotos, epidemias, episódios policiais ou escândalos financeiros é descrita no novo livro de Pedro Prostes da Fonseca.
A obra “Os maiores sobressaltos em Portugal” chega hoje às bancas com a chancela da Oficina do Livro.
Nas 227 páginas do livro são relatados, entre outros, momentos tão distintos como as invasões francesas (entre 1807 e 1810), a epidemia de cólera de 1883, a pneumónica que chegou a Portugal em 1918 e o assassinato do rei D. Carlos (1908).
PUBLICIDADE
O caso Casa Pia (2002), a gripe A (2009) ou a mobilização nacional em favor do povo de Timor-Leste (antiga colónia portuguesa) após este ter votado pela independência da Indonésia no referendo de 1999 são outros “sobressaltos” que constam do livro.
Depois da realização do referendo, a capital timorense, Díli, estava “a ferro e fogo. Milícias populares pró-indonésias, armadas com catanas, semeavam o terror entre a população”. Ao verem essas imagens, e apesar da distância (Timor fica a 15.000 quilómetros de distância), “acentuavam-se as manifestações” de solidariedade dos portugueses por todo o país.
“Dezenas de milhares de pessoas deram as mãos por Timor, em Lisboa” e um grupo de manifestantes concentrou-se em frente à embaixada dos Estados Unidos, lembra Pedro Prostes da Fonseca.
“Marcelo Rebelo de Sousa, um dos presentes, exclamava: ‘nunca vi nada assim desde o 25 de Abril’”, recorda.
A decisão da ONU de aprovar o envio de uma força multinacional para restabelecer a paz fez parte dos “momentos fortes de um dos maiores sobressaltos coletivos na história mais recente de Portugal”.
Cerca de meio século antes, noutra dimensão, e ainda no tempo da ditadura do Estado Novo, o autor conta como decorreu a captura de guerrilheiros que tinham combatido Franco e que andavam a monte entre a Galiza e o Norte de Portugal.
No final de 1946, “mais de 1.000 homens [ao serviço do regime de Salazar] tinham destruído uma aldeia para deterem os três guerrilheiros”.
“Os fugitivos tiveram sempre a população a ajudá-los, e, por esse motivo, mais de 60 pessoas, de Cambedo e de aldeias vizinhas [do concelho de Chaves] foram detidas. Quinze iriam sofrer pena efetiva de prisão”.
Ao longo dos sete capítulos do livro, o autor transcreve diversos artigos publicados na imprensa. Em alguns deles, assinala a falta de isenção e noutros revela o seu papel ativo como no caso em que a imprensa resolveu um crime, o do homicídio da atriz Maria Alves, em 1926.
No capítulo dedicado às forças da natureza, são descritos “os nove minutos que destruíram Lisboa” em 1755, bem como o terramoto de 1909: “durou 22 segundos o forte abalo, considerado o mais demolidor em Portugal continental no século XX. Destruiu quase por completo os aglomerados de Benavente, Samora Correia, Santo Estêvão e Salvaterra de Magos”.
As cheias de 1967 na região de Lisboa, o incêndio do Chiado, em 1988, ou os mais de 100 mortos nos incêndios florestais de 2017 são outros “sobressaltos” relatados na obra.
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
You must be logged in to post a comment.