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Falta de psicólogos “pode ameaçar a saúde pública”

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 11-07-2019

 A falta de psicólogos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) “pode ameaçar a saúde pública”, denunciou hoje a Ordem dos Psicólogos, sublinhando que “é premente uma maior aposta na contratação” destes profissionais.

Esta reação da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) surge na sequência da divulgação hoje do relatório anual do Observatório Português dos Sistemas de Saúde, que refere que Portugal continua com atraso no acompanhamento da doença mental e nunca houve compromisso político sério para investir nesta área.

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Num comunicado enviado à agência Lusa, o presidente da OPP sublinha que, “perante a evidência dos factos”, é premente a contratação de mais psicólogos para o SNS, “uma vez que as atuais políticas e estratégias na área da saúde, e com base nos dados disponibilizados, podem significar uma verdadeira ameaça à saúde pública”.

“Há casos em que, eventualmente, se tivermos a disponibilidade de mais psicólogos, não serão necessários medicamentos”, defende Francisco Miranda Rodrigues, chamando a atenção para os números do relatório, que revela que, em 2018, foram dispensadas 1,9 milhões de Doses Diárias Definidas de ansiolíticos, sedativos, hipnóticos e antidepressores.

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Baseado no relatório, a ordem afirma que, “no que concerne ao número de psicólogos no SNS, verifica-se que em 2015 existiam apenas 601, o que corresponde a um rácio de 0,285 psicólogos por cada 5.000 habitantes e, consequentemente, um défice de 1.618 psicólogos face ao rácio recomendado de um psicólogo por cada cinco mil habitantes”.

“Tendo por base estes factos, a OPP não pode deixar de lamentar que, embora estas temáticas tenham passado a fazer parte do discurso dos governantes, as promessas não cumpridas por parte das entidades responsáveis se mantenham. O concurso para a contratação de apenas 40 psicólogos para o SNS, que ainda decorre, abriu muito tarde”, conclui o bastonário.

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Neste contexto, Francisco Miranda Rodrigues reafirma “que mais psicólogos no SNS significaria maior acessibilidade a intervenções custo-efectivas num leque mais diversificado de áreas (avaliação psicológica, intervenção psicológica, estratégias de mudança comportamental, promoção e desenvolvimento de competências, apoio para crianças e jovens em risco, intervenção precoce ou cuidados paliativos, por exemplo)”.

“Mais psicólogos significa benefícios clínicos (diminuição do sofrimento e aumento do bem-estar e da saúde, física psicológica), benefícios económicos e sociais (redução da prevalência dos problemas de saúde, física e mental; aumento da literacia em saúde da população e do seu acesso a cuidados de saúde de qualidade; e redução dos custos financeiros do SNS)”, adianta.

O bastonário sublinha que, além destes benefícios, o contributo da psicologia e dos psicólogos “é indissociável de uma agenda nacional que vise promover comportamentos e estilos de vida saudáveis e prevenir os fatores de risco e os determinantes sociais e comportamentais da saúde: uma Agenda de Prevenção e Desenvolvimento das Pessoas”.

“Sendo a evidência científica clara que a saúde de hoje e do futuro imediato faz-se com a aplicação da ciência psicológica não só na saúde mental, mas na saúde em geral, devemos questionar-nos por que esperamos e observar quais as propostas que os partidos políticos apresentarão nesta matéria”, escreve Francisco Miranda Rodrigues.

A OPP destaca que outra das “conclusões inquietantes do relatório” é o facto que “nunca houve um compromisso político sério em investir no setor, com o objetivo de dotar o SNS de recursos que permitam melhorar a qualidade de vida do portador de perturbação mental”.

Assim como a constatação de que “o investimento em mais psicólogos no SNS, especialmente nos Centros de Saúde Primários, não só representa maior acessibilidade ao apoio psicológico por parte dos pacientes, como possibilita a adoção de tratamentos mais custo-efetivos, a diminuição da prevalência de problemas de saúde mental, a poupança em cerca de 20% a 30% dos custos e diminuição das idas às urgências, das hospitalizações e do tempo de internamento”.

Os “estudos apontam que 59,2% dos idosos se encontram polimedicados (administração de mais de cinco medicamentos diferentes concomitantemente e em tratamento prolongado – mais de 3 meses) e 37,0% tomam medicação potencialmente inapropriada”.

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