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Operadoras dizem que trotinetes são mais do que um mero meio lúdico de transporte

Notícias de Coimbra | 1 ano atrás em 31-01-2023

Cerca de cinco anos depois de chegarem a Portugal, as trotinetes assumem-se como um meio alternativo para pequenas deslocações nas cidades, não só de forma lúdica, mas sendo cada vez mais usadas em zonas empresariais.

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Em Lisboa são cinco os operadores com licença – Bird, Lime, Link, Whoosh e Bolt -, que recentemente assinaram um protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa. No documento, entre outras medidas, está a obrigatoriedade de pontos de estacionamento próprios para acabar com o “caos” causado pelo “abandono” das trotinetes nos passeios.

Ficou também acordado um limite de velocidade de 20 quilómetros por hora, além de um contingente máximo de veículos em circulação, que será de 1.500 por operador no inverno e que poderá ir até aos 1.750 na primavera e no verão.

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À Lusa, o responsável pela micromobilidade da Bolt, Frederico Venâncio, explicou que Lisboa é “um dos melhores mercados” para a marca, que se encontra atualmente em 14 cidades portuguesas e também no estrangeiro, provando “que há necessidade de utilização destes veículos” nas áreas urbanas.

“Há um bocadinho esta perceção que a trotinete é um veículo de utilização lúdica, mas não é de todo. Acredito que ao fim de semana muita gente gosta de dar uma volta de trotinete em algumas zonas mais turísticas, mas a verdade é que nós vemos que a grande maioria dos nossos utilizadores são portugueses, são os locais, e o maior fluxo de viagens em zonas corporativas, zonas de negócio”, frisou.

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O cenário foi também referido pelo CEO (diretor executivo) da Whoosh em Portugal, João Pereira Reis: os dados da marca, que se encontra em Lisboa desde o verão passado, indicam que “há mais utilizadores locais”, contrariando um pouco a ideia de que “só serve de meio de entretenimento”. O seu uso, referiu, impõe-se cada vez mais como uma alternativa de transporte para curtas distâncias.

Desde julho de 2022, os utilizadores da Whoosh percorreram 80 mil quilómetros, lembrando João Reis que se está somente a falar de um operador e que existem outros na cidade, pelo que o número de viagens neste meio de mobilidade suave será já uma alternativa em muitos casos.

O responsável adiantou também que cerca de 41% dos utilizadores das suas trotinetes fazem viagens através do modo de subscrição, seja semanal ou mensal, “no qual uma pessoa, no fundo, compra um pacote de viagens e usa a trotinete no âmbito desse pacote”, além da possibilidade de viagens únicas.

“Em Lisboa as pessoas estão a adotar este meio de transporte para o seu dia-a-dia. A distância em média percorrida pelas nossas trotinetes é de três quilómetros e o nosso utilizador tem, em média também, cerca de 30 anos”, exemplificou.

As avenidas da República, Fontes Pereira de Melo, Liberdade, Brasil, Duque D’Ávila e Almirante Reis são das zonas com mais utilização, a par da Ribeira das Naus e todas as zonas lisboetas com ciclovias, segundo os dois responsáveis.

Para se fixarem como operadores numa cidade, as marcas que operam trotinetes – na maioria iniciadas em mercados estrangeiros e que depois vieram para Portugal – têm várias vias, depois de se apresentarem à Autoridade da Mobilidade e dos Transportes e ao Instituto da Mobilidade e Transportes para obter as respetivas autorizações.

No caso da cidade do Porto, a autarquia optou por um leilão para fazer chegar até si as propostas das operadoras, mas estas também podem vir a operar através de uma apresentação do produto à autarquia ou por um contacto do próprio município numa operação aberta propondo ao operador que cumpra uma série de requisitos.

Para se irem adaptando às novas premissas e regulamentos, as operadoras vão adotando, à medida que a sua experiência cresce, as suas próprias regras – por exemplo, a constituição de equipas patrulha que dão conta dos locais onde estão as trotinetes mal estacionadas.

Para João Pereira Reis, “houve alguma tolerância até agora com os utilizadores”, imputando-se “até agora a responsabilidade às operadoras”. No seu entender, “há muitas limitações que as trotinetes têm e os carros não” no Código da Estrada.

Também Frederico Venâncio considera haver pontos difíceis de ultrapassar por parte dos operadores, no caso do uso de capacete, que, se vier a ser obrigatório, poderá ser um entrave para a operadora.

“Há outros [pontos], em termos de tecnologia, em que estamos constantemente a evoluir, podendo passar pelo peso permitido a solução para que duas pessoas não possam usar uma trotinete. É algo que é proibido, mas frequente de se assistir”, disse.

A vereadora da Mobilidade na Câmara Municipal de Oeiras, Joana Batista, município onde as trotinetes só se instalaram em novembro do ano passado, reconheceu à Lusa que se avançou depois de analisada a implementação nos concelhos vizinhos de Cascais e Lisboa e percebidos os “constrangimentos e dificuldades”.

“Sempre demos muita atenção ao planeamento da cidade e ao respeito pelo espaço público. Foi a razão para não tomarmos decisões precipitadas”, disse, frisando que, “só depois de concluir que o espaço público e a vivência tranquila, segura e confortável para o cidadão não seria comprometida” é que decidiram levar este meio de mobilidade suave para Oeiras.

No concelho foi ponto assente que o estacionamento teria espaço próprio obrigatório, de acordo com Joana Batista, existindo atualmente 200 ‘pontos move’ devidamente sinalizados. Só neles é possível iniciar e terminar a viagem.

“Foi uma aposta segura e tranquila para o município porque controlamos o território”, disse, frisando que foi feito um “convite ao mercado”, tendo respondido os três operadores que se encontram a operar.

Joana Batista acrescentou que irá “avançar uma expansão gradual” do serviço, lembrando que em pouco menos de três meses houve “mais de 30 mil viagens realizadas”, o que vem justificar que se trata de “um serviço de transporte que é uma solução versátil, com uma pegada ecológica muito reduzida”.

 

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