Fernando Saul, um dos 12 arguidos no processo da Operação Pretoriano, foi hoje absolvido pelo Tribunal de São João Novo, no Porto, e manifestou alívio pela decisão, após quase dois anos envolvido no processo judicial.
“Tenho filhos, sou um ser humano, tive a minha vida devassada estes dois anos e meio. É um alívio, como é óbvio. Sempre disse que não tinha nada a ver com isto da assembleia. Mas sempre acreditei na justiça”, afirmou à saída do tribunal, reforçando: “Cheguei tardíssimo à AG, estive a jantar com a minha esposa. Fui envolvido nisto. Agradeço muito à minha advogada que, desde o primeiro dia, acreditou sempre em mim. Estive metido num circo que não existiu”.
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Também José Dias foi absolvido, enquanto os restantes 10 arguidos foram condenados a penas de prisão, com Fernando Madureira a ser o único a receber pena efetiva: três anos e nove meses de prisão, além de dois anos de proibição de frequentar recintos desportivos.
A mulher de Fernando Madureira, Sandra Madureira, foi condenada a dois anos e oito meses de prisão, com pena suspensa, e fica proibida de frequentar recintos desportivo durante seis meses. Já Vítor Catão foi condenado a três anos e meio de prisão, com pena suspensa, e um ano e meio de interdição.
Foram ainda aplicadas penas suspensas a Hugo Polaco (dois anos e nove meses), Vítor Aleixo (dois anos e 10 meses) e o filho com o mesmo nome (três anos e três meses), Carlos Jamaica (dois anos e 10 meses), Hugo Loureiro (quatro anos e um mês), José Pereira (dois anos e 10 meses), todas com um ano e meio de interdição a recintos desportivos.
Cristiana Carvalho, advogada de Fernando Saul, mostrou-se satisfeita com a decisão, mas surpreendida com a pena de prisão efetiva aplicada a Fernando Madureira.
“Surpreendeu-me a não suspensão da pena de Fernando Madureira. Acho que não faz grande sentido, até porque houve arguidos com penas mais altas e que foram suspensas. Não consigo compreender. Mas o que me interessa é o meu cliente”, afirmou, acrescentando: “Estou muito feliz, acabou esta etapa. É tão óbvia a falta de prova em relação a ele. É a chamada chapada de luva branca para quem tanto apregoou que Fernando Saul era o mentor de tudo isto”.
No exterior do tribunal, os ânimos exaltaram-se aquando da saída de Fernando Madureira, com familiares e apoiantes do antigo líder dos Super Dragões, concentrados fora do perímetro de segurança da PSP, a baterem com tachos e a entoarem cânticos em seu apoio.
Sandra Madureira abandonou o local em silêncio, sob aplausos, sendo que os advogados do casal Madureira recusaram-se a prestar declarações aos jornalistas.
O processo teve início com os distúrbios registados na Assembleia Geral extraordinária do FC Porto de 13 de novembro de 2023, tendo o Ministério Público (MP) acusado os arguidos de atuarem de forma concertada para criar um clima de intimidação entre os sócios e condicionar a votação de uma revisão estatutária, a poucos meses das eleições no clube, que conduziram André Villas-Boas à presidência do clube, em abril de 2024.
As defesas dos arguidos tinham pedido a absolvição dos mesmos e acusaram o MP de não ter procurado “a verdade dos factos”.
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