Coimbra

Obras do Metro Mondego em Coimbra deixam idosa debaixo da ponte (com vídeos)

Notícias de Coimbra | 2 anos atrás em 19-01-2022

Maria Rosa de Jesus tem 70 anos e está a morar debaixo do viaduto do Calhabé, em Coimbra, depois de a casa onde vivia, junto ao Apeadeiro de São José ter sido demolida para a construção do troço do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), entre o Alto de São João e a Portagem. 

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Ao Notícias de Coimbra, a mulher, diabética, contou que “trouxe a cama, um colchão, mantinhas” e outros bens que conseguiu, mas as máquinas “destruíram tudo”.  Dentro da habitação deixou o que não conseguiu retirar como “um frigorífico e um armário da louça”.

O edifício, agora demolido pelas Infraestruturas de Portugal (IP), foi a Casa de Guarda de Linha, na passagem de nível de São José. Maria de Jesus não era proprietária nem arrendatária. Contou ao NDC que ocupou a casa porque “estava aberta”, depois de ter sido “despejada” de uma outra a poucos metros do local, que “estava ao abandono”, onde morou quatro anos, mas que entretanto também foi “derrubada”.

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Junto ao Apeadeiro de São José viveu nos últimos “quatro ou cinco meses” depois de ter “limpo e arranjado a casa toda”. A septuagenária é da zona de Castelo Branco mas veio para Coimbra onde tem o marido e dois filhos, de quem quer estar mais perto, detidos na Penitenciária.

“Quando escangalharam a casa vim logo para aqui”, conta, apontando para o amontoado de coisas debaixo do viaduto. “As noites têm estado muito frias” e Maria de Jesus que, segundo relata, tem uma bala alojada nas costas que lhe causa “muitas dores” está há cerca de 15 dias a dormir ao relento.

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“A senhora está em condições péssimas, debaixo da ponte, à temperatura que tem estado e com esta idade é triste e lamentável passarmos e ver que não existe qualquer dignidade”, disse ao NDC Isabel Fonseca, moradora na zona e que conhece a idosa, confirmando que já morou noutra casa que foi demolida e que agora se encontrava a pernoitar na Casa do Guarda de Linha. “Gostaria que as entidades responsáveis tomassem conta desta situação que não é digna para nenhum ser humano”, apela a conimbricense. “Sinto-me revoltada enquanto ser humano e cidadã que o meu país que haja pessoas nestas condições”, remata.

Maria de Jesus refere que já tentou alugar uma casa, mas “por ser cigana ninguém aluga”. Diz que lhe prometeram uma casa no Bolão e que está à espera que a Câmara Municipal lhe resolva a situação.

Em resposta ao NDC a autarquia esclarece que “os técnicos de Ação Social e de Habitação Social da Câmara Municipal (CM) de Coimbra estão a acompanhar intensamente a situação reportada desde a semana passada”, adiantando que os serviços fizeram uma visita ao local na passada quinta-feira. “Na sequência da intervenção da IP [motivada pelas obras do Metrobus]na Casa da Guarda, na semana de 3 a 7 de janeiro, a Senhora Maria Rosa Jesus foi informada pelos Serviços de Habitação da CM de Coimbra que não existiam habitações municipais disponíveis para a realojar, pelo que teria de encontrar alternativa habitacional junto de familiares”, acrescenta o município, sublinhando que a casa estava “ocupada ilegalmente”. “Atendendo ao impasse da situação, a autarquia contactou a Linha de Emergência Social da Segurança Social para aceder a um quarto numa pensão, no entanto foi referido que a senhora é beneficiária de uma pensão de velhice do regime não contributivo, pelo que, teria de a resolver a situação pelos seus meios”.

Ainda no âmbito deste processo, acrescenta a resposta enviada ao NDC, “na tentativa de se encontrar uma alternativa digna, a CM de Coimbra pediu a colaboração ao Centro de Acolhimento João Paulo II, bem como à Casa Abrigo (que não tinha vagas disponíveis)”. O Centro de Acolhimento João Paulo II acedeu ao pedido da autarquia e pode garantir o pagamento da renda de um quarto durante dois meses, no entanto, “a Sr.ª Maria Rosa Jesus só aceita ir para um quarto se puder levar a sua mobília”. A procura de um quarto tem de ser feita pela própria, contudo os dois mediadores da autarquia que estão a acompanhar este processo estão a contactar imobiliárias para o efeito, garante.

Leia também:

Carris da Linha da lousã estão a ser retirados em Coimbra – Notícias de Coimbra (noticiasdecoimbra.pt)

 

Veja o direto NDC do local onde está a viver uma idosa em Coimbra:

Veja o direto NDC com Isabel Fonseca, moradora na zona:

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