Obras da Coleção Calouste Gulbenkian vão integrar uma exposição no Museu Nacional de Machado de Castro (MNMC), em Coimbra, que coloca em “diálogo” criações dos dois espaços, a partir do próximo dia 30.
Segundo uma nota de imprensa do museu sediado em Coimbra, a mostra, denominada “Diálogos. A Coleção Calouste Gulbenkian no Museu Nacional de Machado de Castro”, estabelece “um diálogo inovador entre as duas coleções”.
“Contrariando o tradicional discurso cronológico, são confrontadas criações de diferentes culturas, geografias e períodos históricos, da Antiguidade à Idade Moderna, convidando à descoberta de afinidades técnicas, estéticas e conceptuais”, referiu a nota de imprensa.
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A mostra reúne 173 obras, das quais 88 são provenientes do Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa, fechado para obras que vão durar até julho de 2026, e as restantes do MNMC, parcialmente encerrado também devido a obras, e é resultado e uma “parceria inédita” entre as duas entidades.
“Sublinhando a excelência e multiplicidade das obras reunidas por Calouste Gulbenkian, os paralelismos propostos afirmam ainda a centralidade das coleções do MNMC”, adiantou.
O MNMC salientou que, “entre o caráter identitário dos acervos e a natureza específica de uma estrutura patrimonial única – herdeira do antigo ‘Forum’ romano de ‘Aeminium’ e do sucedâneo Paço Episcopal – estabelecem-se diálogos ímpares, traduzidos num elenco de peças notáveis”.
“Longe de reduzir as coleções do MNMC aos circuitos da produção local, esta exposição evidencia, sobretudo, o protagonismo e a excecionalidade criativa de Coimbra ao longo de séculos”, sustentou.
Na exposição, dois bustos romanos, de Trajano e Agripina, do século I, do acervo do MNCM, vão estar em diálogo com um medalhão em ouro de Aboukir, também da época romana, proveniente do Museu Gulbenkian.
Este medalhão faz parte de um conjunto de onze “provenientes de um tesouro descoberto no Egito em 1902” e “constituem um exemplo notável de arte da Antiguidade, bem como uma fonte em primeira mão de iconografia de Alexandre, o Grande”, lê-se no sítio na Internet do Museu Gulbenkian.
“Calouste S. Gulbenkian [1869-1955] conseguiu adquirir onze dos vinte medalhões originais, fazendo assim com que Lisboa seja atualmente o principal repositório destas peças”, assinalou a mesma fonte.
Ainda na escultura, destaque para a obra “São Martinho a cavalo partilhando a capa com um mendigo” (Gulbenkian) e o “diálogo” entre a Virgem Relicário do Tesouro da Rainha Santa Isabel do acervo do MNMC e a Virgem com o Menino (também do Museu Calouste Gulbenkian).
Ao nível da pintura, por exemplo, pode ser visto o “Tríptico da Paixão de Cristo”, de Quentin Metsys (MNMC), com as pinturas flamengas de Santa Catarina e São José, de Rogier van der Weyden (Gulbenkian).
Esta é a primeira vez que o MNMC recebe uma tão numerosa quantidade de obras do Museu Calouste Gulbenkian, realçou a diretora do MNMC, Sandra Costa Saldanha.
A mostra vai estar patente até 22 de fevereiro de 2026, no primeiro piso do antigo Paço Episcopal, e é “também a oportunidade para a renovação museográfica do MNMC”.
“Inseridas no circuito da exposição temporária, serão inauguradas três novas salas temáticas, oferecendo à fruição do público peças inéditas ou de longa data afastadas do percurso visitável, em reserva ou resgatadas de depósitos externos, agora reintroduzidas no circuito expositivo do MNMC”, explicou a nota de imprensa.
Este museu nacional foi fundado em 1911 e abriu ao público dois anos depois. Ocupa o antigo edifício do Paço Episcopal, construído sobre o criptopórtico romano Aeminium que é uma das mais importantes obras romanas, datada do século I, no país.
O nome do museu deve-se ao escultor de Coimbra Joaquim Machado de Castro (1731-1822).
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