Cidade

O teatro como arte para transformar a vida de jovens em Coimbra

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 07-10-2013

O projeto Bando à Parte, da companhia O Teatrão, usa a formação artística para desenvolver em jovens “a vontade” de mudar o mundo, procurando mostrar que a arte também é “um agente transformador”.

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Alguns dos jovens que participaram no projeto nunca “tinham sonhado em entrar para a universidade” e acabaram por ingressar no ensino superior, outros conseguiram “resolver alguns problemas familiares”, contou à agência Lusa Isabel Craveiro, diretora da companhia, explicando que o Bando à Parte quer mostrar à comunidade que “a formação artística é essencial para qualquer ser humano”.

O Bando à Parte, que dura entre 18 e 24 meses e que se direciona para jovens entre os 14 e os 20 anos, começou em 2010, num 1.º ciclo com jovens de bairros sociais, para que a formação chegasse “a todo o tipo de pessoas e não só a quem a pode pagar”, disse Cláudia Pato, coordenadora do projeto.

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O 2.º ciclo, que terminou com a apresentação de um exercício final que esteve em exibição na Oficina Municipal do Teatro até domingo, “revelou-se multicultural”, cruzando “filhos de emigrantes russos, ucranianos, brasileiros, angolanos, com miúdos portugueses”, explicou Isabel Craveiro.

Pelas diferenças dos jovens de um ciclo para outro, o trabalho também teve que se “desenrolar para outros sítios”, com o objetivo de potenciar o cruzamento de diferentes “universos e conhecimentos”.

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A apresentação final deste 2.º ciclo chama-se “Home Sweet Home” e procura encontrar um sentido à noção de casa, “o sítio comum que nós construímos”, disse Isabel Craveiro, explicando que, neste contexto, essa casa “é o Teatrão”.

Catarina Pratas, de 17 anos, natural de Coimbra, aceitou o convite que lhe foi feito para participar no projeto e admite que, ao início, “foi como entrar num novo mundo”, mas que agora, findos os quase dois anos de formação, sente que pertence “a esse mundo”.

“É como entrar numa casa nova, nós nunca sabemos o que vamos ver lá. Se há quadros, se há mesas, se há sofás, mas depois de conhecer, já há confiança, para sentar, para socializar”, explicou Catarina.

Lourenço Soma é natural de Angola, tem 18 anos e há três que vive em Coimbra. Diz que o projeto também foi uma “forma de inclusão”, onde viu fortalecidas as suas relações com os restantes jovens imigrantes, “não só como colegas, mas como amigos fora deste espaço”.

Ao final dos dois anos de formação, Lourenço conta que hoje expressa melhor os seus pensamentos, e que, quando entra no Teatrão, é “uma nova personagem, um disco em branco”.

Na apresentação final, os jovens estrangeiros falam das “viagens, dos problemas que tiveram que enfrentar cá, na escola, na família”.

Os portugueses refletem sobre a “perspetiva de construir um projeto no seu país ou ter que emigrar”, disse Isabel Craveiro.

A diretora da companhia de teatro evidenciou também o objetivo de criar um sentido de comunidade, sendo que, “chegados a esta fase de vida do país onde o individualismo reina”, a criação de coletivos é algo “que vale a pena e que transforma”.

O projeto, que “nunca pretendeu formar atores”, afirma-se como um “espaço de reflexão e de crítica sobre o mundo”, de forma a criar pessoas “mais reflexivas, ativas e participantes”, concluiu Cláudia Pato.

 

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