Smartwatches e outros dispositivos vestíveis já conseguem recolher dados sobre circulação sanguínea, padrões de sono e sinais precoces de algumas doenças. Mas a tecnologia tem limites.
Agora, investigadores do Instituto Coreano de Ciência e Tecnologia Avançada (KAIST) desenvolveram um adesivo inteligente que promete transformar a monitorização contínua da saúde numa realidade.
O dispositivo, semelhante a uma tatuagem temporária, adere à pele e funciona como um laboratório portátil, capaz de analisar o suor em tempo real e traduzir os dados em perfis detalhados da saúde metabólica do utilizador.
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O adesivo é um disco transparente e flexível, mas por baixo da sua superfície discreta esconde-se uma complexa tecnologia de nanoengenharia e microfluídica. Consiste em duas camadas: uma camada de contacto com a pele que recolhe o suor, e uma camada superior de canais plasmofluídicos que realiza a análise, dá conta a ZME Science.
O suor é conduzido por canais microscópicos numa sequência temporal, graças a pequenas câmaras protegidas por válvulas de ruptura capilar. Este sistema cria uma linha do tempo física do suor, permitindo diferenciar amostras de diferentes momentos.
Cada câmara possui nanoilhas que utilizam a técnica de Espectroscopia Raman de Superfície Aprimorada (SERS), capaz de identificar moléculas individuais no suor através das suas “impressões digitais” químicas. O método não requer produtos químicos adicionais, permitindo uma análise direta e precisa dos metabólitos presentes.
A criação desta tecnologia numa superfície flexível exigiu a deposição de uma fina camada de prata sobre um material semelhante ao Teflon, formando nanoilhas sem comprometer a elasticidade do adesivo.
O suor é uma mistura complexa de sais, proteínas e metabólitos. Para decifrar este “coro caótico” de moléculas, os investigadores treinaram algoritmos de inteligência artificial com 41 coquetéis artificiais de suor, ensinando a identificar padrões mesmo em ambientes com interferência química.
O adesivo revelou-se robusto: manteve mais de 85% do desempenho após 25 dias de armazenamento, resistiu a 200 ciclos de flexão e torção e suportou múltiplas remoções com fita adesiva.
Em ensaios com quatro voluntários saudáveis, o adesivo monitorizou alterações metabólicas durante exercícios físicos, tanto em jejum como após uma refeição rica em purinas (como sardinhas). O dispositivo captou e quantificou com precisão compostos como lactato, ácido úrico e tirosina, confirmando os resultados com equipamentos de laboratório convencionais.
Segundo os investigadores, o adesivo poderá no futuro ajudar atletas a otimizar treinos, apoiar pessoas com gota a gerir a dieta e fornecer feedback nutricional personalizado. A era de “ouvir” o suor acaba de começar.
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