Saúde

O que revelam os seus sonhos sobre si?

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 26 minutos atrás em 30-10-2025

Imagem: depositphotos.com

Os sonhos são universos pessoais onde tudo é possível: num instante, caminhamos por prados idílicos; no seguinte, podemos sofrer quedas, perder dentes ou ver uma serpente deslizar pelo canto do olho.

Considerando que um adulto médio passa cerca de um terço da vida a dormir, existem inúmeras oportunidades para experienciar estas paisagens oníricas. Mas terá algum significado aquilo que sonhamos? A resposta depende de quem se pergunta.

Segundo Robin Sheriff, professora associada de antropologia na Universidade de New Hampshire, “os antropólogos dizem que, se soubermos o que determinado grupo pensa sobre os sonhos, compreenderemos toda a sua cultura”.

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Historicamente, a interpretação dos sonhos remonta à Roma Antiga e ao Antigo Egipto, com raízes possivelmente em culturas pré-históricas. Antes da ciência moderna dos sonhos, ou onirologia, os sonhos eram vistos como canais de comunicação com antepassados ou espíritos, capazes de revelar verdades ocultas ou prever acontecimentos futuros.

Na China tradicional, por exemplo, os sonhos tinham significado profundo numa perspetiva sobrenatural, envolvendo fantasmas e espíritos ancestrais. Durante a dinastia Zhou (1046 a.C.–256 a.C.), a oniromancia era utilizada para decisões pessoais, de saúde e até políticas. Já na Papua-Nova Guiné, os sonhos podem ser interpretados como viagens da alma, revelando informações ocultas ou profecias.

No Ocidente, as interpretações mais conhecidas derivam de Sigmund Freud e Carl Jung. Freud via os sonhos como a expressão de desejos reprimidos ou instintivos, enquanto Jung propôs que os sonhos eram uma conversa entre consciente e subconsciente, permitindo processar problemas e encontrar soluções. Jung introduziu ainda o conceito de subconsciente coletivo, com arquétipos universais como o herói ou a mãe, presentes em diferentes culturas.

A interpretação dos símbolos oníricos varia significativamente entre culturas. Por exemplo, sonhar com serpentes. No Ocidente, pode ter conotação sexual ou representar perigo e poder; na tradição hindu, pode prenunciar riqueza e fertilidade; entre tribos Hopi e Pueblo, associa-se à fertilidade da terra; na Zâmbia pentecostal, é vista como prova da presença do diabo; na China tradicional, privilegia-se símbolos como dragões ou sóis, considerados sinais divinos.

Apesar das diferenças culturais, é consensual que nem todos os sonhos têm significado profundo. Hong explica que, no final do período imperial chinês, muitos sonhos eram desvalorizados como produto de pensamentos excessivos durante o dia. Para Robin Sheriff, os sonhos são comparáveis à poesia e à arte: “Podem existir interpretações melhores ou piores, mas não há forma objetiva de averiguar a sua exactidão”.

Assim, sonhar continua a ser uma experiência universal, multifacetada e profundamente pessoal, moldada pela cultura, pela história e pela interpretação individual de cada um.

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