Entre 22 de outubro e 31 de outubro, a Sala B do Teatro Académico de Gil Vicente acolhe a estreia de Quarto Escuro de Goethe, a primeira criação artística em Coimbra de Eunice Gonçalves Duarte, artista e investigadora doutoranda em Estudos Artísticos na Universidade de Coimbra.
Inspirada no livro Teoria das Cores de Johann Wolfgang von Goethe, a peça propõe uma experiência imersiva que desafia o público a ver para além do olhar, explorando a perceção, o visível e o invisível, a luz e a sombra, a razão e a intuição.
Com entrada livre e lotação limitada (2 pessoas por sessão), a performance-instalação decorre em loop contínuo das 17:00 às 20:00, integrando a programação do Colóquio Internacional Theatre About Science 2025, organizado pela Marionet. O projeto segue depois para o Goethe-Institut em Lisboa, em março de 2026, com itinerância prevista para Penafiel e o Teatro-Cine de Gouveia.
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“Interessa-me a tensão entre luz e escuridão — não como opostos, mas como zonas de transição, de revelação e de perda. Goethe propõe que, num quarto escuro, a luz possa ser percebida de dentro, como pós-imagem. É essa experiência interior da perceção que procuro transpor para o espaço performativo”, explica Eunice Gonçalves Duarte.
Em O Quarto Escuro de Goethe, o espaço é construído como um organismo sensorial onde luz, som e corpo se cruzam num diálogo contínuo. A artista traduz a morfologia goethiana em experiência estética, fazendo nascer a cor no limite entre o visível e o invisível, entre a luz e a sombra. Inspirada na reflexão de Goethe — “A palavra só pode descrever a letra, mas não o espírito da cor” —, Eunice propõe ao público não apenas ver, mas participar na experiência do ver.
A composição sonora original de Nick Rothwell funciona como uma extensão da luz e da matéria: uma viagem auditiva onde o som também revela e oculta a cor. Neste quarto de Goethe materializa-se a ideia do poeta de que “a cor e o som são como dois rios que nascem na mesma montanha“. Em coexistência luz, cor e som criam a experiência sensorial.
“Quando a forma se esbate, somos forçados a reorganizar os sentidos e a descobrir novas formas de ver. É nesse instante que a imagem se torna viva”, afirma a criadora.
A peça prolonga-se para além do espaço expositivo através de um ciclo de podcasts, que ampliam o diálogo entre arte e ciência. A primeira sessão será lançada a 4 de novembro, com Benilde Costa (física), dedicada à atualização do capítulo das Cores Químicas da Teoria das Cores.
Seguem-se conversas com Marta Teixeira (neuropsicologia), em novembro, Vítor Cardoso (física), em março, e Maria Filomena Molder (filosofia), em abril, já em Lisboa. Cada episódio propõe uma reflexão sobre a cor, a perceção e o pensamento, continuando a investigação artística que nasce na performance-instalação.
Assente nos três eixos fundamentais — arte, ciência e pensamento —, O Quarto Escuro de Goethe desenvolve uma estratégia de mediação e sensibilização em parceria com uma rede de instituições nacionais: TAGV, LIPA, Atelier Concorde, Goethe-Institut, Rómulo – Centro de Ciência da Universidade de Coimbra, Marionet, Ponto C – Criatividade e Cultura / Município de Penafiel e Teatro-Cine de Gouveia.
Além das apresentações públicas, o projeto prevê ações pedagógicas e visitas em contexto escolar, nas quais a equipa artística partilhará o processo de investigação, os princípios de Teoria das Cores e a relação entre arte e ciência. Estas iniciativas pretendem estimular a curiosidade e o pensamento crítico, oferecendo aos jovens uma aproximação direta à experiência artística e sensorial.
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