Saúde

O perigo não cheira nem se vê, mas entra nos pulmões: os eletrodomésticos mais nocivos lá de casa

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 1 hora atrás em 18-12-2025

Imagem: depositphotos.com

Um novo estudo científico alerta para os níveis preocupantes de poluição do ar interior emitidos por eletrodomésticos comuns, como torradeiras, fritadeiras elétricas e secadores de cabelo, levantando dúvidas sobre a segurança do seu uso diário, sobretudo em casas com crianças.

A investigação foi liderada por uma equipa da Universidade Nacional de Pusan (PNU), na Coreia do Sul, que desenvolveu uma câmara de laboratório específica para medir a libertação de partículas ultrafinas (PUF) no ar durante o funcionamento de vários aparelhos domésticos.

Estas partículas têm menos de 100 nanómetros, sendo suficientemente pequenas para ultrapassar as defesas naturais do nariz e penetrar profundamente nos pulmões, podendo mesmo atingir a corrente sanguínea.

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Entre os aparelhos testados, a torradeira automática revelou-se o pior caso. Mesmo sem pão no interior, foi registada a emissão de cerca de 1,73 biliões de partículas ultrafinas por minuto. A maioria das fritadeiras elétricas e secadores de cabelo analisados também libertou grandes quantidades destas partículas em suspensão.

Embora o estudo não tenha avaliado diretamente os efeitos clínicos no ser humano, simulações realizadas pelos investigadores indicam que estas partículas conseguem alojar-se profundamente nos pulmões de adultos e crianças, sendo estas últimas particularmente vulneráveis devido às suas vias respiratórias mais pequenas.

“O nosso estudo sublinha a necessidade de um design de eletrodomésticos que tenha em conta as emissões e de orientações sobre qualidade do ar interior ajustadas às diferentes faixas etárias”, afirmou Changhyuk Kim, engenheiro ambiental da PNU.

Segundo os investigadores, as resistências elétricas de aquecimento e os motores de corrente contínua com escovas desempenham um papel central na libertação destas partículas. No caso dos secadores de cabelo, os modelos sem escovas internas emitiram entre 10 e 100 vezes menos partículas do que os modelos tradicionais.

Para além das partículas ultrafinas, a equipa encontrou também vestígios de metais pesados nas partículas em suspensão, incluindo cobre, ferro, alumínio, prata e titânio, que parecem desprender-se diretamente das bobinas e motores dos aparelhos.

“Estes metais pesados associados aumentam o risco de citotoxicidade e inflamação quando as partículas entram no corpo humano”, alerta Changhyuk Kim.

Apesar de esta investigação não ter analisado diretamente os impactos na saúde, estudos anteriores associam a exposição prolongada a partículas ultrafinas a asma, doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes e vários tipos de cancro.

O problema da qualidade do ar em espaços fechados tem ganho relevância nos últimos anos, num contexto em que as pessoas passam cada vez mais tempo dentro de casa, seja devido às alterações climáticas ou a crises sanitárias globais.

Os investigadores defendem que são necessárias melhorias no design dos eletrodomésticos, maior eficiência dos componentes e, possivelmente, regulamentações mais exigentes para reduzir as emissões.

“Compreender a origem dos poluentes ajuda a desenvolver medidas preventivas e políticas eficazes para garantir uma qualidade saudável do ar interior”, conclui Kim.

O estudo foi publicado na revista científica Journal of Hazardous Materials.

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