As trufas, conhecidas como o “ouro negro” da gastronomia mundial, estão a despertar um crescente interesse entre produtores portugueses.
Estes fungos subterrâneos, famosos pelo seu aroma intenso e sabor inconfundível, são um dos produtos mais exclusivos e valiosos do mercado gourmet — e o seu cultivo começa agora a expandir-se para novas regiões, incluindo Portugal.
Tradicionalmente associadas a zonas como o sul de França ou o norte de Itália, as trufas exigem condições muito específicas para se desenvolverem.
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Crescem debaixo da terra, em simbiose com as raízes de certas árvores, como o carvalho, o azinheiro ou a aveleira. Nessa relação, o fungo ajuda a árvore a absorver nutrientes e água, enquanto esta fornece açúcares indispensáveis ao crescimento do fungo.
As espécies mais cultivadas são a trufa negra (Tuber melanosporum) e a trufa de verão (Tuber aestivum), ambas adaptadas ao clima mediterrânico.
Para prosperarem, as trufas necessitam de solos alcalinos, ricos em cálcio e bem drenados, com um pH entre 7,5 e 8,5. Solos argilosos ou com má drenagem podem comprometer o desenvolvimento do fungo. O clima ideal é temperado, com invernos suaves e verões quentes, mas sem excesso de secura — razão pela qual muitos produtores optam por sistemas de rega gota-a-gota.
O cultivo é um investimento de longo prazo: os primeiros frutos podem demorar entre quatro e oito anos a surgir. Durante esse período, é essencial manter o terreno limpo de ervas daninhas, monitorizar o pH e controlar pragas e fungos concorrentes.
Em Portugal, regiões como o Alentejo, Trás-os-Montes e Beira Interior reúnem condições favoráveis, devido aos solos calcários e ao clima seco e quente. Já existem plantações bem-sucedidas e empresas especializadas em fornecer árvores micorrizadas adaptadas ao contexto português.
Apesar do potencial, os especialistas alertam: o cultivo de trufas exige paciência, investimento e acompanhamento técnico. Mesmo com todas as condições ideais, o sucesso não é garantido — o fungo é sensível e reage fortemente a variações ambientais.
Ainda assim, o “ouro negro” começa a brilhar também em solo português, abrindo novas perspetivas para a agricultura e para a gastronomia nacional, lê-se no site Meteored.
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