Saúde

O frio chegou… e o corpo pede mais sono? A ciência explica porquê

Notícias de Coimbra | 45 minutos atrás em 08-11-2025

À medida que os dias ficam mais curtos e o frio se instala, muitos sentem uma vontade irresistível de ficar mais tempo na cama. As manhãs parecem mais difíceis, o sofá mais acolhedor e o cansaço chega mais depressa. Preguiça? Nada disso, há razões científicas para esta sonolência sazonal.

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Segundo a médica Karin Johnson, não há provas de que precisemos efetivamente de dormir mais durante o outono e o inverno. No entanto, é natural sentirmo-nos mais sonolentos nesta altura do ano. Quando os dias são mais curtos, os níveis de melatonina, a hormona que regula o sono, tendem a ser mais altos, o que nos deixa mais sonolentos e com menos energia.

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Com a redução das horas de luz solar, o nosso relógio biológico, também conhecido como ritmo circadiano, sofre alterações. A falta de luz matinal dificulta o despertar e desequilibra o ciclo natural de sono e vigília. Passamos também mais tempo em espaços fechados, com luz artificial, o que acentua ainda mais esta desconexão com o ritmo natural do dia, indica o Popular Science.

Um estudo publicado em 2023 na revista Frontiers in Neuroscience revelou que, durante o inverno, as pessoas têm mais tempo de sono REM — a fase em que sonhamos e consolidamos memórias. Este aumento pode ser uma forma de o corpo compensar a falta de luz solar, favorecendo o descanso mental e emocional. Embora os humanos não hibernem, o corpo adota um comportamento semelhante: abranda, pede alimentos mais calóricos e precisa de mais descanso.

As temperaturas baixas também influenciam o sono. Dormimos melhor em ambientes frescos, mas o aquecimento excessivo pode provocar sonolência. Além disso, no inverno tendemos a consumir refeições mais pesadas e ricas em hidratos de carbono, que demoram mais a digerir e podem reduzir os níveis de energia. Com menos energia, também fazemos menos exercício, o que cria um ciclo de fadiga e letargia difícil de quebrar.

Cerca de 5% dos adultos sofrem de Perturbação Afetiva Sazonal, uma forma de depressão associada à falta de luz natural. A diminuição da serotonina — a chamada “hormona da felicidade” — e o aumento da melatonina contribuem para sintomas como fadiga, tristeza e sonolência excessiva.

Embora o corpo possa pedir mais descanso, o segredo está no equilíbrio. Especialistas recomendam manter horários regulares de sono, procurar luz natural logo pela manhã (ou usar uma lâmpada de fototerapia, se necessário) e evitar ecrãs antes de dormir. Dormir quando o corpo pede e acordar quando se sente restaurado é essencial, desde que se respeite um ritmo equilibrado e consistente.

Com dias frios, menos luz e um ritmo mais lento, o corpo apenas responde ao ambiente. Por isso, se este inverno o fizer dormir uma ou duas horas a mais, talvez não seja preguiça — talvez seja apenas a natureza a lembrar-nos que, às vezes, também é preciso abrandar.

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