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O fim da 2ª Guerra foi há 80 anos. O beijo de um luso-descendente tornou-se o rosto do alívio mundial

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 08-05-2025

Imagem: Time & Life Pictures

Assinala-se esta quinta-feira, 8 de maio, o 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, um dos conflitos mais devastadores da História, que causou a morte de mais de 70 milhões de pessoas e redesenhou o mundo tal como o conhecemos.

Foi a 8 de maio de 1945 que a Alemanha nazi se rendeu perante as forças aliadas, pondo termo a seis anos de destruição e sofrimento no continente europeu. O cessar das hostilidades foi formalizado na noite anterior, em Berlim, num ato assinado pelo marechal Wilhelm Keitel perante representantes das potências ocidentais. Horas depois, o acordo entrava em vigor, marcando oficialmente o chamado “Dia da Vitória na Europa” — ou “VE Day”, como ficou conhecido.

Na manhã de 8 de maio, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill anunciava a vitória em direto, num discurso que marcou o início das celebrações. Em Londres, Paris, Nova Iorque ou Lisboa, milhares saíram às ruas, num misto de euforia, alívio e emoção. A célebre fotografia do beijo entre um marinheiro e uma enfermeira em Times Square tornou-se símbolo do fim da guerra.

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Tornou-se uma das imagens mais icónicas do século XX , símbolo do fim da Segunda Guerra Mundial e do alívio e euforia sentidos no dia da vitória. A imagem foi captada pelo fotógrafo Alfred Eisenstaedt para a revista Life.

Durante décadas houve dúvidas, mas a maioria dos estudos e análises aponta para que o homem na foto seja George Mendonsa, um marinheiro norte-americano de ascendência portuguesa (os pais eram açorianos). Assumiu publicamente ser o protagonista, e as semelhanças físicas foram posteriormente confirmadas.

Mendonsa, na altura, estava em Times Square com a sua namorada, que mais tarde se tornaria a sua esposa. Diz que viu uma enfermeira e, levado pela emoção do momento, agarrou-a e beijou-a impulsivamente. A namorada aparece em outras fotos no mesmo rolo de filme, a observar a cena.

A mulher era Greta Zimmer Friedman, uma assistente dentária de origem austríaca, que trabalhava em Nova Iorque. Não era enfermeira, mas vestia um uniforme branco, o que levou muitos a assumir que fosse. Mais tarde, revelou que o beijo foi inesperado e sem consentimento.

Em Portugal, que manteve uma posição de neutralidade durante o conflito, a notícia foi recebida com entusiasmo. A aldeia de Benfeita, no concelho de Arganil, destacou-se ao tocar 1.620 vezes o sino da sua recém-construída torre, uma badalada por cada dia de guerra — tradição que se mantém até hoje.

Apesar da neutralidade, o país sentiu os efeitos indiretos da guerra: racionamentos, escassez de bens e dificuldades económicas marcaram o quotidiano da população portuguesa. Ainda assim, o sentimento de alívio foi partilhado com o resto da Europa.

A vitória aliada resultou de um esforço titânico e coordenado entre nações que resistiram à expansão do Terceiro Reich: do heroísmo dos britânicos na Batalha de Inglaterra, ao custo humano das batalhas travadas pelos soviéticos em Estalinegrado, passando pelo decisivo desembarque na Normandia, em junho de 1944.

Contudo, o fim da guerra na Europa não significou o fim do conflito à escala global. O Japão só se renderia meses mais tarde, a 15 de agosto, após os bombardeamentos atómicos de Hiroshima e Nagasaki.

Ao todo, estima-se que entre 70 a 85 milhões de pessoas tenham morrido durante a Segunda Guerra Mundial — cerca de 3% da população mundial da época. Civis representaram a esmagadora maioria das vítimas.

Esta quinta-feira, vários países europeus, assim como os Estados Unidos, prestam homenagem às vítimas com cerimónias e eventos públicos. Em França e no Reino Unido, o dia é feriado nacional. A Rússia, por sua vez, assinala a vitória na sexta-feira, dia 9 de maio.

Num mundo ainda marcado por novos focos de conflito — como a guerra na Ucrânia ou a escalada de violência em Gaza —, as comemorações dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial servem como poderoso lembrete da importância de preservar a paz e não esquecer os horrores da guerra.

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