Na tranquilidade da Coutada do Pisão, em Cantanhede, ergue-se um cabeço misterioso, rodeado de pinhais e grandes pedras que guardam um segredo antigo. Conhecido como o Cabeço da Moira, este local está envolto numa das lendas mais fascinantes da região, transmitida ao longo dos séculos e despertando a curiosidade dos habitantes mais antigos.
Segundo a tradição, o Cabeço da Moira foi, em tempos, o abrigo de um povo peculiar: os Moiros. Este povo, que se dizia viver debaixo da terra, teria sido responsável pela construção da Igreja Matriz de Cantanhede, um feito realizado durante a noite, sem nunca ser visto por ninguém.
A história ainda descreve uma imagem peculiar: era comum encontrar estendais de roupa muito branca estendidos na zona do cabeço, o que atraía a atenção dos que passavam por ali.
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Em um desses dias, uma mulher curiosa, ao avistar uma toalha branca no estendal, decidiu pegar nela. No entanto, ao tentar partir com o objeto, começou a ouvir uma voz a chamar, repetindo insistentemente: “larga a toalha, larga a toalha!”. A voz a perseguia enquanto ela fugia, até que o medo a fez desistir e largar a toalha, pondo fim ao som que a atormentava.
Este episódio ficou na memória da comunidade e serviu como uma lição para todos os que, como a mulher, se viam seduzidos pela beleza dos estendais.
Mas a lenda não termina aqui. Conta-se também que os Moiros deixaram três arcas escondidas no interior do cabeço que teriam o poder de decidir o futuro do mundo. Diz-se que, dependendo de qual delas fosse aberta primeiro, o destino da Terra seria selado. Se a arca da água for a primeira a ser aberta, o mundo será inundado; se a do fogo, a Terra será consumida pelo incêndio; e se for a do ouro, a humanidade viverá em grande abundância e prosperidade.
A lenda do Cabeço da Moira permanece viva, como um mistério que fascina todos os que conhecem a região. Com o passar dos anos, ela continua a ser contada de geração em geração, mantendo a magia e o encanto de um passado que, até hoje, ninguém sabe ao certo quando começou.
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