Uma forte geada primaveril atingiu duramente os pomares de avelã na Turquia, o maior produtor mundial deste fruto seco, e já está a provocar uma escalada de preços no mercado global — com impactos prováveis em produtos como Nutella, bombons Ferrero Rocher e outras guloseimas.
De acordo com a empresa de dados agrícolas Expana, os preços grossistas das avelãs na Turquia subiram cerca de 30% desde abril e a tendência é de continuação. A Turquia é responsável por cerca de 65% da produção mundial de avelãs, sendo, por isso, o principal fornecedor global — uma posição insubstituível, já que países como Itália, EUA ou Chile têm produções significativamente menores.
A geada foi a pior em mais de uma década, afetando sobretudo plantações em regiões de maior altitude. O Conselho Nacional da Avelã relata que alguns agricultores sofreram perdas totais da colheita.
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A escassez está a gerar impacto internacional. A italiana Ferrero SpA, maior compradora mundial de avelãs e fabricante da Nutella, reconheceu o risco associado a fenómenos meteorológicos extremos, mas garantiu ter estratégias de diversificação de origem para evitar rutura de abastecimento a curto prazo, afirma a Bloomberg.
Ainda assim, os efeitos económicos podem ser profundos. O banco central da Turquia já alertou que a quebra da produção poderá agravar os preços dos alimentos e dificultar o controlo da inflação, atualmente na casa dos 35%. Para além disso, a crise pode ter consequências políticas — cerca de 450 mil famílias dependem da cultura da avelã, maioritariamente na região do Mar Negro, um bastião de apoio ao Presidente Erdoğan. No passado, decisões sobre os preços da avelã já influenciaram eleições locais.
A colheita turca foi revista em baixa para 609 mil toneladas, menos 20% do que o previsto, e os analistas não esperam um alívio até agosto de 2026, data da próxima época de colheita.
Investidores já estão atentos. O gestor de ativos finlandês Evli investiu na processadora turca Balsu Gida, antecipando que o preço da avelã pode quintuplicar no próximo ano.
A crise das avelãs soma-se a uma tendência preocupante: fenómenos climáticos extremos têm vindo a reduzir a oferta de bens essenciais como café, cacau e azeite. Cientistas alertam que invernos mais quentes estão a antecipar a floração das árvores, tornando-as mais vulneráveis a geadas fora de época.
Se os impactos ainda não chegaram às prateleiras, os consumidores devem estar preparados: o preço do seu doce favorito pode estar prestes a subir.
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