Saúde

Novo medicamento promete prevenir HIV com quase 100% de eficácia

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 13-10-2025

O mundo acaba de alcançar um marco histórico na luta contra o HIV. Não se trata de uma cura, mas de uma alternativa altamente eficaz: uma injeção de lenacapavir, administrada apenas duas vezes por ano, que previne a infeção pelo vírus com sucesso quase total.

O lenacapavir, comercializado como Yeztugo, não é uma vacina, mas um medicamento retroviral de ação prolongada. Atua bloqueando a replicação do vírus no organismo, oferecendo proteção durante seis meses, em vez de estimular o sistema imunitário.

Até agora, o lenacapavir era inacessível para a maioria das pessoas, custando cerca de 28.000 dólares por ano nos Estados Unidos. Agora, graças a uma combinação de licenças voluntárias concedidas a fabricantes de genéricos na Índia e ao apoio financeiro de organizações como a Fundação Gates e a Unitaid, o medicamento estará disponível por apenas 40 dólares por ano — cerca de 0,1% do preço original.

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Trevor Mundel, presidente de saúde global da Fundação Gates, afirmou: “Avanços científicos como o lenacapavir podem ajudar-nos a acabar com a epidemia de HIV — se forem disponibilizados às pessoas que mais podem beneficiar deles.”

Cerca de 40 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo, e em 2024, mais de 600.000 morreram de doenças relacionadas à SIDA. Embora existam tratamentos e medidas de prevenção, a adesão ao regime diário de PrEP oral é difícil para muitas pessoas, limitando o seu impacto.

O lenacapavir injetável de ação prolongada foi desenvolvido para preencher esta lacuna, oferecendo proteção discreta e segura, especialmente para populações vulneráveis, como adolescentes e mulheres jovens na África Subsaariana, homens que fazem sexo com homens, pessoas transgénero, profissionais do sexo e utilizadores de drogas.

Estudos de modelação indicam que ampliar o acesso ao lenacapavir a preços acessíveis poderia prevenir até 20% das novas infeções em países com alta incidência. Nas Filipinas, oferecer o medicamento a apenas 2% da população poderia evitar 45% das novas infeções.

Embora o preço reduzido seja um enorme avanço, há desafios. As versões genéricas só deverão estar amplamente disponíveis até 2027, e o acordo cobre 120 países de baixa e média renda, deixando fora regiões como Brasil, México e Peru.

Antonio Flores, da MSF, alertou: “Precisamos de licenciamento expandido, transparência nos preços e acesso sustentável para todos. A ciência é clara. A necessidade é urgente.”

Além disso, a logística de levar o medicamento de fábricas na Índia para clínicas remotas em África é complexa, exigindo sistemas de saúde preparados, formação de profissionais e educação das comunidades.

Apesar dos desafios, o acordo representa uma fusão de inovação científica, vontade política e visão filantrópica, abrindo o caminho para uma nova era na prevenção do HIV. O mundo tem agora as ferramentas; resta garantir que todas as pessoas que precisam possam aceder a elas.

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