Economia

Nova direção da TSF vai trabalhar “para quebrar o ciclo de prejuízos”

Notícias de Coimbra | 7 meses atrás em 28-09-2023

A Global Media informou hoje que a nova direção da TSF assume funções na segunda-feira com a missão de desenvolver mudanças para quebrar o ciclo de prejuízos, sendo “uma última e decisiva tentativa de salvar o projeto”.

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O comunicado da Global Media Group (GMG), a que a Lusa teve acesso, surge depois de ter sido conhecido que o Conselho de Redação da TSF rejeitou a nomeação de Rosália Amorim para diretora de informação da rádio após uma reunião decorrida na quarta-feira, tendo levantado dúvidas quanto à sua capacidade de manter uma política editorial independente.

Em comunciado, o Conselho de Administração da Global Media Group informa que, cumpridos todos os procedimentos legais, na próxima segunda-feira, dia 02 de outubro, iniciará as suas funções a nova equipa de direção da TSF constituída por Rui Gomes (diretor-geral), Rosália Amorim (diretora de informação) e Artur Cassiano (subdiretor de informação)”.

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“Estamos certos da capacidade desta nova liderança na concretização dos principais objetivos definidos para a TSF, e que passam por um novo ciclo de reforço de investimento em recursos humanos, infraestruturas e inovação, fator essencial para o crescimento e afirmação de uma marca histórica de rádio em Portugal”, refere a administração, no comunicado

“Nos últimos 10 anos, a TSF – Rádio Jornal Notícias acumulou sucessivos passivos, na ordem dos 10 milhões de euros. Só este ano e até setembro o prejuízo cifra-se em 1,3 milhões de euros, valor esse idêntico ao encerramento de contas de 2022, existindo a previsão que até final deste ano possa atingir um valor de cerca de dois milhões de euros”, aponta a administração.

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“Apesar desta situação, a atual administração da GMG pretende apostar no forte relançamento da marca e do projeto. É missão da atual equipa de direção desenvolver as necessárias mudanças a todos os níveis para concretizar esta aposta do grupo e assim quebrar este ciclo de anos sucessivos de prejuízos”, prossegue,

Esta “será uma última e decisiva tentativa de salvar um projeto que se encontra insustentável devido ao rumo seguido na última década e em especial nos últimos anos”, lê-se no comunicado.

“Todos os trabalhadores e colaboradores da TSF podem contar com o determinado empenho da administração da GMG para relançarmos e consolidarmos a força da TSF”, remata.

Entretanto, num outro documento a que a Lusa teve acesso, os membros eleitos do Conselho de Redação entendem que não devem “dar o aval” à escolha de Rosália Amorim para o cargo, anunciada em 21 de setembro pela GMG, empresa que detém ainda o Jornal de Notícias (JN) e o Diário de Notícias (DN), órgão que a recém-indigitada diretora de informação da TSF dirigia desde novembro de 2020.

“Os membros eleitos do Conselho de Redação entendem que, sem colocar em causa as qualidades profissionais de Rosália Amorim, a diretora indigitada não se encaixa no perfil necessário para o desempenho de um cargo tão específico como tem sido o de responsável pela informação na TSF”, lê-se.

O Conselho de Redação crê que o desempenho de Rosália Amorim como diretora do DN em determinados momentos “levanta legítimas dúvidas quanto à sua real capacidade de manutenção de uma política editorial independente”, mencionando uma entrevista ao CEO da GMG publicada, mas não assinada no DN, em 17 de julho de 2022, que, na altura, foi questionada pelo Conselho de Redação do DN.

O órgão lembra ainda que Rosália Amorim foi nomeada na sequência da destituição da direção de informação liderada por Domingos Andrade e ainda composta por Ricardo Alexandre e Pedro Cruz.

O “empenho do diretor cessante em tentar melhorar as condições de trabalho”, mesmo num “quadro de dificuldades financeiras”, foi notório, escreve o Conselho de Redação, reconhecendo também o “respeito pela autonomia editorial dos jornalistas da TSF”.

Além de ter ficado sem “resposta concreta” quanto às perguntas sobre o centro de produção do Porto, as opções sobre a opinião na rádio, a dinâmica das reuniões de editores ou a rede de correspondentes, o Conselho de Redação também justifica o ‘chumbo’ à escolha de Rosália Amorim para diretora de informação com “a vincada e reiterada rejeição” da escolha junto da redação da TSF.

“Os membros eleitos do Conselho de Redação da TSF recordam que, em 2019, quando se ventilou a possibilidade de Rosália Amorim ser diretora da rádio, foi notória a reação de discordância por parte da redação, como estes membros puderam testemunhar, levando, posteriormente, à escolha de Domingos de Andrade para o cargo. A perspetiva da redação, note-se, não se alterou desde então”, refere o documento.

Em 20 de setembro, os trabalhadores da TSF estiveram pela primeira vez em greve nos 35 anos de existência da rádio, tendo reivindicado a defesa de aumentos salariais, pagamento pontual de vencimentos e a manutenção da direção de Domingos Andrade, com os delegados sindicais a darem conta de uma adesão total.

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