Ter pesadelos ocasionais é perfeitamente normal. Mas quando os maus sonhos começam a surgir com frequência e nos despertam em sobressalto, podem levantar dúvidas: será apenas stress? Um sinal de alerta do corpo? Ou algo mais sério?
Um estudo publicado em 2022 na revista The Lancet eClinicalMedicine — destacado na altura pelo ZAP — sugeriu que pesadelos recorrentes podem estar associados a um maior risco de declínio cognitivo e demência.
A investigação analisou adultos de meia-idade que relatavam pesadelos pelo menos uma vez por semana e concluiu que estes apresentavam maior probabilidade de desenvolver sinais de deterioração mental ao longo do tempo. Entre idosos, a presença de pesadelos frequentes foi mesmo relacionada com um risco acrescido de vir a desenvolver demência.
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Os especialistas sublinham, contudo, que estes resultados não provam que os pesadelos provoquem doenças neurodegenerativas. A relação pode dever-se a fatores comuns — como ansiedade, depressão, stress crónico ou má qualidade do sono — todos eles já conhecidos por aumentarem o risco de demência.
Além disso, não está ainda esclarecido se os pesadelos são um sintoma precoce de alterações no cérebro, se o sono fragmentado contribui para a evolução da doença ou se ambos surgem a partir das mesmas vulnerabilidades biológicas.
Os investigadores deixam claro que, isoladamente, os pesadelos não são um indicador fiável de Alzheimer ou de outras demências. A recomendação passa por reforçar a higiene do sono: manter horários regulares, evitar cafeína e álcool ao final do dia e reduzir o uso de ecrãs antes de dormir.
Estas medidas ajudam não só a minimizar os pesadelos como a proteger o cérebro a longo prazo.
A autora principal do estudo lembra, em artigo no The Conversation, que existe tratamento médico eficaz para pesadelos crónicos. E um dos métodos clínicos mais usados mostrou mesmo reduzir a acumulação de proteínas anormais associadas à doença de Alzheimer, abrindo caminho para novas perspetivas terapêuticas.
Por agora, os especialistas pedem cautela, sem alarmismo: os pesadelos podem ser um sinal de que algo não está bem — mas não são uma sentença.
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