A República dos Inkas, fundada em 1954 e situada na Rua da Matemática n.º 2, é uma das 24 repúblicas estudantis ainda ativas em Coimbra e uma das poucas que permanece sediada na mesma casa desde a sua fundação.
Hoje, porém, esta casa histórica enfrenta a sua maior ameaça: a degradação extrema da sua estrutura, que coloca em risco não só a vida dos seus moradores como também a segurança da vizinhança. O edifício apresenta danos estruturais sérios, agravados pela passagem do tempo e pela total inação do atual senhorio, que se recusa a intervir ou a assumir as suas responsabilidades legais enquanto proprietário. Com a aproximação da próxima época de chuvas, o risco de colapso é real e iminente, lê-se numa nota enviada a NDC.
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O documento reforça que é “reconhecida como Entidade de Interesse Histórico, Cultural e Social Local pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC) desde 2018, e já reconhecida como Património Mundial Imaterial da UNESCO, esta casa representa mais de 70 anos de história, resistência e contributo cultural para a cidade e para o país”.
A situação é de emergência, e as consequências de uma eventual derrocada seriam desastrosas: poderão perder-se vidas humanas e desaparecerá para sempre um espaço com um valor histórico e cultural inestimável, que acolhe atualmente duas associações e continua a ser um ponto de encontro e dinamização cultural na cidade.
“Apesar de termos iniciado um processo de obras coercivas junto da Câmara Municipal de Coimbra, até agora não recebemos qualquer resposta ou sinal de atuação por parte das entidades competentes. Esta inacção prolonga o risco e empurra a República dos Inkas para um cenário irreversível de destruição”, esclarece a nota.
Ao longo da sua existência, a República dos Inkas foi palco e agente ativo em momentos cruciais da história de Coimbra e do país, desde a crise académica de 1969 ao fim do fascismo salazarista, passando pela resistência à demolição da Alta de Coimbra. Perder esta casa é apagar uma parte viva da memória coletiva de Coimbra.
“Por tudo isto, apelamos com urgência à intervenção imediata das autoridades competentes, em nome da segurança pública, da preservação do património e da justiça histórica. Não podemos permitir que a República dos Inkas ruia diante dos nossos olhos, por desleixo e negligência. Coimbra merece melhor. A história exige responsabilidade. As vidas em risco exigem ação”, recorda o comunicado.
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