Coimbra

Navegar à vista, até quando?

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 22-02-2020

Há vários anos, que existe um entendimento generalizado sobre a necessidade de abertura de um aeroporto na zona centro, cuja melhor localização seria Monte Real. 

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A escolha, aparentemente óbvia, tem vindo a agregar argumentos.

 O aeroporto de Lisboa está, cada vez mais, saturado. O turismo nacional cresce de forma clara e sustentada com grande contributo de Fátima. É, ainda, evidente a necessidade de descentralizar e promover políticas públicas de desenvolvimento para todo o território.

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A causa, de si justa, encontra condição política invejável. O Partido Socialista lidera o governo, tem estabilidade parlamentar e preside às Câmaras Municipais de Leiria e Coimbra. 

Manuel Machado é, ainda para mais, líder da Associação Nacional de Municípios. Na última legislatura, pela mão dos deputados do PSD foi aprovado projeto de resolução favorável na Assembleia da República.

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Só a ausência completa de visão e estratégia poderia estragar tão favorável quadro político. Assim foi. 

Em 2017, em golpe eleitoralista, Manuel Machado perdeu o racional e exigiu um aeroporto em Coimbra. Abdicou de liderar o centro do país, rompeu com o entendimento regional existente e criou o ruído pelo qual os centralistas lisboetas ambicionavam. 

A ideia, impreparada e irresponsável, não tardou a demonstrar a sua inconsistência. Um ano e uns milhares de euros depois, já estava Manuel Machado a defender que Coimbra não seria uma alternativa possível e que havia uma outra solução no sul do distrito. 

Agora, em reportagem na SIC, vem o Presidente da Câmara Municipal Coimbra estipular que a prioridade é, afinal, Monte Real.

Exemplo concreto da forma como somos governados à vista. Sem ponderação e preparação, criou-se o ruido necessário para diminuir uma oportunidade fulcral para o desenvolvimento da região centro e de Coimbra.

Diz o velho ditado que “um mal nunca vem só”. Na mesma reportagem, José Manuel Silva (líder do Movimento Somos Coimbra que agora cintila para alguns desinspirados e amedrontados companheiros do PSD) apressa-se a tentar agarrar o projeto de Manuel Machado. O argumento é aterrador: “Não podemos andar 60 anos a defender a mesma coisa”. Sem mais, como se as boas ideias prescrevessem se não executadas.

Depois dos pinos e piruetas do Presidente do Município para regozijo dos decisores lisboetas, antecipa-se uma disputa entre socialistas e Somos Coimbra sobre “a paternidade da criança”. 

Na verdade, a sequência histórica daria uma bela brincadeira de carnaval. Felizmente, a reportagem foi salva  pela intervenção estruturada e determinada do líder do Turismo do Centro Pedro Machado. 

Um aeroporto na região centro é fundamental para a nossa prosperidade coletiva. Monte Real reúne condições impares para o efeito e o distrito de Coimbra será dos principais beneficiários de tal avanço. 

É imprescindível o surgimento de uma alternativa clara, presente e atuante. A cidade e a região não podem ficar condenadas ao desnorte provocado por Manuel Machado e ambicionado por José Manuel Silva. Da ausência e da obsessão, nunca sairá progressão.

Coimbra, tem de afirmar disponibilidade para agregar os restantes intervenientes e capacidade para a todos liderar na pressão imediata e efetiva sobre o governo.  Siga-se o exemplo do já saudoso João Ataíde que, na liderança da CIM, sempre foi baluarte de estabilidade nesta matéria. 

Haja inspiração e  esperança, porque tanto há para fazer.

Opinião de José Miguel Ferreira | Advogado | Presidente JSD Distrital de Coimbra

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