Pode não as ver, mas a sua casa é, muito provavelmente, habitada por dezenas de aranhas — ou até por muitas mais. Apesar de o número exato ser difícil de determinar, estudos científicos e observações de especialistas indicam que a presença destes aracnídeos nos lares é comum e, na maioria dos casos, inofensiva.
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Empresas de controlo de pragas costumam apontar para uma média de cerca de 40 aranhas por casa, embora não exista consenso científico que sustente diretamente esse valor. Um estudo realizado em 2016, que analisou 50 habitações na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, revelou a presença de aranhas em 65% das divisões observadas. No entanto, o objetivo da investigação era avaliar a biodiversidade doméstica e não contabilizar o número exato de indivíduos.
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Com base nesses dados, numa casa com cinco ou seis divisões, poderá existir uma média aproximada de 10 aranhas por divisão. Para tentar responder à curiosidade dos leitores, o zoólogo Luis Villazon, da BBC Science Focus, realizou uma experiência pouco convencional: aspirou toda a sua casa e encontrou apenas 26 aranhas. Ainda assim, o próprio especialista admite que esse número exclui zonas de difícil acesso, como o interior de paredes, debaixo do soalho, atrás de eletrodomésticos, sótãos ou garagens.
As casas oferecem pouco alimento às aranhas, mas compensam essa escassez com a ausência quase total de predadores naturais, como aves ou centopeias. Isso permite que as aranhas sobrevivam mais tempo no interior do que no exterior.
A capacidade reprodutiva destes animais também ajuda a explicar números potencialmente elevados. As aranhas podem pôr entre 10 e 250 ovos de cada vez, com até cinco posturas anuais. Embora menos de 1% das crias chegue à idade adulta, se forem incluídas as aranhas jovens na contagem, o número total numa casa pode atingir, em determinados momentos, várias milhares.
No exterior, a densidade é ainda mais impressionante. Um estudo publicado em 2017 aponta para uma média de 131 aranhas por metro quadrado de terreno, o que equivale a cerca de 10 quatriliões de aranhas em todo o mundo — aproximadamente um milhão por cada ser humano.
Apesar destes números, os especialistas garantem que não há motivo para preocupação. As aranhas que habitam as casas não são perigosas para os humanos. Mesmo as espécies com veneno possuem toxinas demasiado fracas para causar danos significativos, e as mordidas são muito mais raras do que o imaginário popular sugere.
Os cientistas recomendam, aliás, que não se matem as aranhas encontradas em casa. Para além de serem seres vivos, desempenham um papel importante no equilíbrio do ecossistema doméstico. Como predadores generalistas, ajudam a controlar populações de insetos indesejáveis, como mosquitos e outras pragas, incluindo outras aranhas.
Conclusão: pode haver mais aranhas na sua casa do que imagina — mas, longe de serem uma ameaça, são aliadas silenciosas no dia a dia.
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