Saúde

Não é da sua cabeça: As segundas-feiras fazem mesmo mal à saúde

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 8 horas atrás em 10-07-2025

Imagem: depositphotos.com

Um novo estudo revela que a ansiedade típica de segunda-feira pode ter efeitos de longo prazo na saúde, afetando mesmo quem já deixou de trabalhar.

Todos conhecem a sensação: aquela melancolia, preguiça ou inquietação que chega com o início da semana. Mas agora, uma investigação revela que a ansiedade das segundas-feiras pode ir muito além do mero desconforto emocional — deixando uma marca real e duradoura no corpo humano.

O estudo, conduzido pelo professor Tarani Chandola, sociólogo da Universidade de Hong Kong, analisou dados de mais de 3.500 adultos com mais de 50 anos no Reino Unido. Os participantes relataram os seus níveis de ansiedade e foram submetidos a análises de cabelo — uma técnica que permite medir os níveis acumulados de cortisol, o principal hormônio do stress, ao longo de meses.

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Os resultados surpreenderam: pessoas que sentem ansiedade especificamente às segundas-feiras apresentaram níveis de cortisol até 23% mais altos dois meses depois, quando comparadas com pessoas ansiosas noutros dias da semana. Esta diferença manteve-se mesmo quando foram considerados fatores como idade, sexo, medicamentos e mesmo se o cabelo era pintado.

Mais surpreendente ainda: o efeito foi igualmente forte em pessoas reformadas. Ou seja, não se trata apenas de ansiedade ligada ao trabalho. As segundas-feiras, segundo os autores do estudo, atuam como um “amplificador cultural de stress”, profundamente enraizado nos nossos ritmos sociais e biológicos.

O cortisol elevado está associado a uma série de problemas de saúde, incluindo pressão arterial alta, diabetes, obesidade, enfraquecimento do sistema imunitário e risco acrescido de doenças cardíacas. Estudos anteriores já haviam mostrado que ataques cardíacos graves são mais frequentes às segundas-feiras — agora, esta nova investigação sugere que a ansiedade regular desse dia pode ter efeitos acumulativos e silenciosos.

“O corpo lembra-se”, explica Tarani Chandola. “O stress sentido numa segunda-feira específica pode permanecer ativo no sistema biológico durante semanas ou meses.”

Embora não haja uma solução mágica, os investigadores sugerem estratégias simples para amenizar os efeitos negativos deste “síndrome de segunda-feira”: “Transformar o domingo à noite num momento de tranquilidade e preparação, em vez de ansiedade; evitar reuniões ou tarefas exigentes logo na manhã de segunda-feira; criar rotinas estáveis que sinalizem segurança e previsibilidade ao cérebro e estar atento aos sinais do corpo e repensar, quando possível, o estilo de vida ou ambiente de trabalho”.

A investigação, publicada no Journal of Affective Disorders, lança um alerta importante: as segundas-feiras não são apenas emocionalmente difíceis — podem ser fisiologicamente prejudiciais. Mesmo longe do mercado de trabalho, o impacto continua. Para muitos, talvez esteja na hora de reavaliar como encaramos o início da semana… e o que ele está a fazer ao nosso corpo.

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