Cidade

Músicos de rua de Coimbra pagam regresso de acordeonista à Roménia

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 29-08-2013

A Orquestra de Músicos de Rua de Coimbra lança um álbum, no domingo, para pagar a viagem de regresso do acordeonista do conjunto à Roménia.

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O álbum, intitulado “Leva-me contigo”, que vai ser apresentado no Pavilhão Centro de Portugal, pretende ajudar a pagar a viagem de regresso do acordeonista romeno Paolo Vasil ao seu país de origem, depois de dois anos a viver em Coimbra, onde tocava “blues, tango e valsa” para os turistas que passavam na Baixa.

“O Paolo Vasil esteve a tocar nas ruas cá de Coimbra e sempre viveu disso, nunca ganhou nada do RSI [Rendimento Social de Inserção]. Atualmente, já não dá e então tem que regressar à terra”, explicou Luís Quintans, dinamizador da orquestra.

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A mulher de Paolo já regressou, agora pretende ir o acordeonista de 63 anos, que tem “diabetes” e “nenhum tipo de assistência social”.

“Em Portugal é tudo muito caro e, quando há dinheiro, vai todo para as despesas. Não dá para guardar nenhum”, afirmou Paolo Vasil à agência Lusa.

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O antigo proprietário de uma loja de antiguidades contou à agência Lusa que tudo começou no início de 2012 apenas com três músicos de rua, mas, em dezembro, surgiu o convite da presidente da Orquestra Clássica do Centro (OCC), Emília Martins, para o conjunto “ainda embrionário” ensaiar no Pavilhão Centro de Portugal.

No natal de 2012, a orquestra de sete elementos apresentou-se num concerto com a OCC no mesmo espaço onde ensaiavam, tocando, desde então, de forma regular na Rua Visconde da Luz, na Baixa de Coimbra.

O dinamizador da orquestra decidiu então editar um álbum, em que pagaria ele a gravação, recuperando depois o investimento com a venda dos 100 exemplares que vão ser lançados, naquilo que Luís Quintans afirmou ser “um serviço social”, assim como uma “aprendizagem”.

“Estamos do outro lado do espelho e vemos que quem põe a moeda nem para, nem sequer olha nos olhos dos artistas, passam com pressa e parece que atiram um osso a um cão”, desabafou Luís.

Paolo Vasil sorri assim que fala da sua terra natal, Bocla, no sudoeste romeno, pertencente à região multiétnica de Banat, de onde se recorda dos “cerca de 30 anos” em que foi cantor de uma banda de folclore romeno de 10 elementos, “com quem percorria a Roménia inteira”.

“Mas veio a revolução [de 1989, que depôs o regime de Nicolae Ceaucescu] e com a transição do comunismo para o capitalismo muita fábrica fechou”, disse Paolo que, com “dificuldades em trabalhar”, decidiu ir para o Algarve em 2002 para “tentar uma vida melhor”.

O acordeonista quer agora regressar à Roménia, apesar de “gostar muito de Portugal”, para “aproveitar a reforma”, “matar saudades da família” e voltar a comer sarmale, prato típico da Europa de Leste, “de que sente muita falta”.

A Orquestra dos Músicos de Rua de Coimbra é composta por Luís Quintans, Lourenço Pina e Armando Pereira na viola, Emanuel Veiga na conga, Celeste Correia na voz, Gastão Silva no clarinete, e, até 07 de setembro, data em que o músico romeno pretende regressar ao seu país, Paolo Vasil no acordeão.

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