Coimbra

Museu da República e Maçonaria em Pedrógão Grande encerra no final do ano

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 02-05-2018

O Museu da República e Maçonaria, em Pedrógão Grande, encerra ao público em geral no final do ano, mas em 2019 o proprietário permitirá ainda a visita de membros das diferentes obediências maçónicas.

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O dono e fundador do museu particular, Aires Henriques, disse hoje à agência Lusa que “a decisão de fechar está tomada”, independentemente do destino que venha a ser dado ao acervo.

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Nos últimos meses, Aires Henriques, de 70 anos, efetuou diligências junto do Ministério da Cultura, Câmara de Pedrógão Grande e Grande Oriente Lusitano (GOL), com o propósito de dar continuidade ao projeto museológico e garantir a sua fruição pública.

Ao longo de mais de 30 anos, Aires Henriques reuniu peças e documentos de vários períodos da História de Portugal e de outros países, expostas em edifícios que possui na aldeia de Troviscais, naquele município do distrito de Leiria.

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“Preciso de encontrar uma solução e um futuro condigno para que a coleção não desapareça”, adiantou.

Este objetivo, contudo, ainda não está assegurado, após contactos com aquelas entidades.

Entretanto, está previsto que “parte deste acervo pedroguense será exibida” em Condeixa-a-Nova, este ano, no âmbito das comemorações do 108.º aniversário da revolução republicana do 5 de Outubro, promovidas pela Câmara local.

O Museu da República e Maçonaria começou a funcionar em 2010, coincidindo com o centenário da implantação da República em Portugal, e foi inaugurado oficialmente em 2012, na presença de Fernando Lima, grão-mestre do GOL – Maçonaria Portuguesa, com um programa que incluiu a assinatura de um protocolo de colaboração entre as duas entidades.

Aires Henriques crê que o GOL e o município de Pedrógão Grande “poderão vir a colaborar na manutenção e promoção dos vários acervos disponíveis”.

Também a Câmara de Condeixa-a-Nova, presidida pelo socialista Nuno Moita, “vem manifestando interesse” num eventual acolhimento das coleções, que constituem “um dos três raros museus no seu género em toda a Península Ibérica”, incluindo os de Lisboa e Salamanca (Espanha).

Em março, o Departamento de Museus, Conservação e Credenciação da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) considerou que “os intuitos de salvaguardar e preservar de forma sustentada” as coleções do museu dos Troviscais, “bem como de garantir a sua gestão integrada num serviço público e museológico, poderão eventualmente ser alcançados” através de parcerias com a Câmara de Pedrógão Grande ou com o Museu Maçónico Português, propriedade do GOL, em Lisboa.

Agora “em fase de negociação” com a instituição maçónica liderada por Fernando Lima, Aires Henriques espera também uma resposta da autarquia a que preside o independente Valdemar Alves, eleito pelo PS nas eleições de outubro de 2017, no qual tem encontrado “alguma recetividade” para solucionar o problema, mas nos dois casos ainda sem resultados concretos.

Associado ao empreendimento de turismo rural Villa Isaura, o Museu da República e Maçonaria engloba também um núcleo de peças relacionadas com os períodos do Estado Novo (1933-1974), Guerra Civil de Espanha (1931-1939) e II Guerra Mundial (1939-1945).

Em março, na sequência do relatório concebido por aquele departamento da DGPC, Aires Henriques escreveu mais uma vez ao ministro da Cultura, ‎Luís Filipe Castro Mendes, a quem já tinha exposto o problema do museu.

“Em face da minha idade (…), penso que o bom senso me aconselha a colocar à venda os respetivos acervos, entre os quais algumas peças únicas” que já percorreram, designadamente, o Museu da Presidência da República, o Panteão Nacional, a Biblioteca-Museu República e Resistência e o Museu José Malhoa, em Lisboa e Caldas da Rainha, além de exposições em diversas localidades.

Na carta, a que a Lusa teve acesso, o investigador pede a Luís Filipe Castro Mendes ajuda para “divulgar entre as estruturas museológicas afetas ao Estado” a sua disponibilidade para vender ou ceder os espólios.

“Por esta via, não alimentarei a especulação mercantil nem as caves escuras das várias instituições que no país guardam idênticos tesouros expressivos do viver das nossas gentes e da nossa história pátria”, afirma.

A agência Lusa tentou obter a posição do presidente da Câmara de Pedrógão Grande sobre o assunto, mas as tentativas revelaram-se infrutíferas.

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