Uma das mais enigmáticas histórias do concelho de Góis continua a intrigar gerações: a de uma mulher alegadamente sepultada viva na Capela dos Barretos, também conhecida como Capela de São José, situada lateralmente à Igreja Matriz.
Mandada construir por António Rodrigues Barreto e sua mulher, Felicitas Duarte de Figueiredo, esta capela datada de 1640 serviu durante séculos como panteão das famílias Barreto Perdigão e, mais tarde, Barreto Chichorro. É neste local que, segundo relatos transmitidos oralmente, terá ocorrido um dos episódios mais perturbadores da memória local.
Segundo testemunhos antigos, dias após o sepultamento de uma senhora pertencente à família do morgadio, começaram a ouvir-se murmúrios vindos da capela. Os fiéis, em silêncio e temor, descreviam os sons como débeis lamentos suplicantes. Convencidos de que se tratava da alma penada da falecida, as orações intensificaram-se entre a comunidade.
PUBLICIDADE
O fenómeno cessou após algum tempo, sendo interpretado como sinal de que a alma havia finalmente encontrado paz. No entanto, anos mais tarde, ao remover a pesada pedra tumular para realizar um novo enterro, a revelação deixou todos em choque: o corpo da mulher, dado como morto, foi encontrado sentado nos degraus interiores do túmulo, com as mesmas vestes com que havia sido sepultada.
Tudo indica que a mulher terá sido enterrada ainda com sinais de vida. Apesar de ter conseguido sair do caixão, não teve forças suficientes para mover a tampa de pedra que selava a sepultura.
Esta história foi contada por Laura da Conceição Barreto Chichorro de Vilas Boas, avó de João Nogueira Ramos, que a ouviu dos seus próprios antepassados. A narrativa foi reconfirmada por Maria José Rocha Barros, mantendo-se viva na tradição oral da região.
A Capela dos Barretos permanece até hoje como um marco histórico e espiritual em Góis, guardando nas suas pedras o eco de um dos episódios mais assombrosos da memória coletiva local.
PUBLICIDADE