Região

Movimento de Tábua diz que “há mais de mil pessoas sem casa” devido aos incêndios de 2017

Notícias de Coimbra | 2 anos atrás em 16-10-2022

“Há mais de mil pessoas sem casa” e que ainda não receberam apoios do Estado cinco anos depois dos incêndios de 2017, acusa o porta-voz do Movimento Associativo de Apoio às Vítimas dos Incêndios de Midões (MAAVIM), em entrevista ao Notícias de Coimbra neste 15 de outubro.

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Nuno Pereira revela também que há processos para apoios à agricultura e à reconstrução de habitações que estão chumbados ou parados por questões burocráticas afetando mais de 10 mil pessoas. O movimento acusa as instituições públicas de “abandonar a população.”

Como exemplo, fala no seu caso, também como produtor agrícola que viu destruída a sua produção de frutos vermelhos pelo fogo. Nuno Pereira relata que foi contactado “só por técnicos da Direção Regional da Agricultura”. E adianta: “Mais ninguém apareceu até hoje. Nem presidentes de câmara, nem da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro. Nunca fomos procurados e perdemos muitas coisas. Houve um abandono completo da população”.

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Reconhecendo que muitos “outros foram ajudados”, o porta voz da MAAVIM recorda que o movimento foi criado “para continuar a falar naqueles que não receberam nada do Estado” depois da devastação provocada pelos incêndios.

O associado do movimento acusa o Estado de “uma injustiça enorme” e adianta ser inevitável comparar “este tipo de tragédias” com o ato de “colocar dinheiro [público] em bancos ou na TAP.”

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Realça que não compreende “como é que um país pode gastar milhões com coisas que são tão insignificantes, quando o mais importante é ajudar a população” e os contribuintes que “sustentam o Estado.”

Nuno Pereira revela ainda que por entre as cerca de 30.000 candidaturas na área da agricultura, “poderão ter ficado pelo caminho [apoios a] mais de 10.000 pessoas. Relata ainda ter conhecimento de casos em que, por exemplo, “uma oliveira centenária foi avaliada a pouco mais de um euro”. E completa afirmando que “os valores não chegaram para o investimento feito. As pessoas deixam de executar os apoios e vão comprando, vão fazendo aos poucos conforme conseguem”. E remata: “ficou muita gente de fora”.

A União Europeia “mandou dinheiro que  nunca foi utilizado nessas áreas interventivas” acusa nomeando o alojamento de emergência para o qual afirma que foram destinados 60 milhões de euros. Acusa as instituições de não terem utilizado os referidos fundos “para alojar as pessoas que ficaram sem habitação na altura”.

“Existem pessoas que ficaram sem sua casa nos incêndios e entretanto já faleceram” sem receberem uma habitação, acusa.

Questionado pelo Notícias de Coimbra acerca do que considera que terá corrido mal, Nuno Pereira afirma que “faltou contactar as pessoas” de muitas das “oitocentas mil candidaturas” que entraram na CCDRC.

Cerca de 300 ou 400 famílias perderam a primeira habitação e algumas não tiveram direito à reconstrução, aponta. A questão prende-se, explica, porque os proprietários “não sabem como é que se trata desses papéis, porque nunca fizeram uma regularização de um terreno ou uma licença de utilização”.

Nuno Pereira culpa a burocracia que considera ter feito “com que muitos processos caíssem, na maior parte por falta de documentação”. Realça também que “as pessoas também não foram informadas e não lhes explicaram que eram coisas simples de resolver”.

Revela ainda ter conhecimento de “casos em que foram feitas outras [casas] que não tinham documentação, conforme a lei previa, para avançarem no projeto de contração.” Conclui dizendo que foram recuperadas outras casas “para pessoas que nunca moraram no território”.

O empresário alerta que “o mais grave é que existem processos que a CCDRC nunca devia ter deixado cair e devia ter acompanhado”. Relata também que “existiram contratos para essas habitações serem reconstruídas, com contratos de adjudicação direta do Estado mas que num foram feitas. Até o dinheiro foi gasto, pelo menos na parte da fiscalização. Essas obras entraram [nas contas] como fiscalização, mas as casas nunca foram construídas” – acusa o porta voz do MAAVIM, que afirma terem sido “gastos mais de 2 milhões de euros em contratação de empresas de fiscalização, para fiscalizar habitações que nunca foram construídas”.

Veja a entrevista completa no direto Notícias de Coimbra.

 

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