Justiça

Morte de sócio do café Nicola: Odor de suposto gato comprometeu o suspeito

Rui Avelar | 4 semanas atrás em 03-04-2024

O suspeito de assassinar o empresário de Coimbra Mário Oliveira, do café Nicola, foi traído pelo cheiro nauseabundo saído do cadáver, escondido numa fossa séptica, sendo que Geovani Gomes invocou a morte de um gato para justificar o odor pestilento.

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O arguido, que acabou por confessar a autoria do crime, começou por não dizer tudo aos inspectores da PJ de Coimbra, tendo omitido, por exemplo, o episódio do cheiro relatado por homens que com ele residiam em Chãs, Semide, Miranda do Corvo.

A par do hipotético gato, a descoberta do número telefónico inerente ao último contacto em que Oliveira interveio, feita pelo filho da vítima, e a tentativa de Gomes no sentido de vender o carro do empresário foram decisivas para a descoberta da verdade, ocorrida várias semanas depois do homicídio.

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Mário Oliveira, 57 anos de idade (mais duas décadas do que o suspeito), foi dado como desaparecido a 19 de Agosto de 2023. Geovani Gomes, brasileiro, que incorre na pena acessória de expulsão de Portugal, encontra-se em prisão preventiva desde 04 de Outubro.

Habilitado pela Polícia Judiciária com relevante informação, o Ministério Público, através do DIAP de Coimbra, requereu a juiz de instrução criminal, em 26 de Setembro, autorização para realização de várias diligências que culminaram na descoberta do cadáver.

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Confrontado com a matéria probatória recolhida pela PJ, o suspeito, cuja mulher e quatro filhos estão no Brasil, indicou por que matou por “motivo torpe ou fútil”.

Segundo o Código Penal, se o homicídio ocorrer em “circunstâncias que revelem especial censurabilidade ou perversidade”, o autor é punido com pena de prisão de 12 a 25 anos.

A avaliar pelos autos do inquérito em que acaba de ser deduzida acusação a Geovani Gomes, arguido e vítima terão tido encontros num período de duração inferior a um mês. O desfecho consistiu no inexplicável crime.

As averiguações policiais concluíram pela existência de uma alegada proposta de Oliveira no sentido da intensificação do presumível relacionamento, a ponto de poder ter sido sugerida a Gomes uma incursão pelo Algarve.

Segundo o arguido, a quem a alegada proposta haverá desagradado, houve uma altercação e Oliveira infligiu-lhe um murro. Acto contínuo, terá ocorrido a cena canalha da morte do empresário por asfixia, presumivelmente causada por um golpe denominado “mata-leão”.

Com um cadáver na casa onde residia, perto de Semide, Geovani tratou de dele se desfazer, escondendo-o numa fossa séptica. Para conter o cheiro nauseabundo, além de invocar a morte de um gato, Gomes lançou sobre o corpo da vítima cal, tinta, lixo e até carvão em brasas.

Neste contexto, o suspeito diligenciou no sentido de vender por 500 euros o automóvel do empresário, um Mercedes C220 com cerca de 20 anos de uso.

Gorada essa tentativa, Geovani Gomes escondeu o carro e desfez-se da carteira e do telemóvel pertencentes a Mário Oliveira.

Em três semanas, Gomes e Oliveira trocaram 75 mensagens de texto (sms’s), sendo que o primeiro usou três cartões de telemóvel. O aparelho telefónico da vítima foi desligado a meio da manhã de 19 de Agosto de 2023.

Depois daquela data, determinado número deixou de ser utilizado por Gomes, cujo aparelho só voltou a funcionar volvidos dois dias para uso de outro cartão telefónico.

Para esclarecer o alegado relacionamento, a par de outros, Geovani, trabalhador na construção civil, vindo para Portugal há três anos, invocou necessidade de embolsar dinheiro à margem da actividade profissional.

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