Coimbra

Morreu Eduardo Lourenço. Manuel Machado destaca “brilhantismo e combatividade”

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 01-12-2020

  O presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, lamentou hoje a morte de Eduardo Lourenço, recordando “o seu brilhantismo, a sua generosidade, simplicidade e combatividade”.

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A bandeira do município de Coimbra, que condecorou Eduardo Lourenço com a Medalha de Ouro da Cidade em 2001, vai ser colocada em meia haste, informou a autarquia, em nota de imprensa enviada à agência Lusa.

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“Eduardo Lourenço foi um notável cidadão. A partir de Coimbra, com a liberdade que nos carateriza, interpretou e refletiu sobre Portugal, pensou e interrogou sobre a Europa e o mundo, e deixou-nos um património que durante séculos guiará o pensamento filosófico sobre a sociedade contemporânea”, afirmou Manuel Machado, citado na nota de imprensa da Câmara de Coimbra.

Na mensagem, o autarca manifestou “um profundo agradecimento a Eduardo Lourenço, pela sua estima e enriquecimento à cidade de Coimbra, que muito o preza”.

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A nota da Câmara de Coimbra recorda a “forte ligação” do ensaísta à cidade, onde ingressou primeiro na Faculdade de Ciências e depois na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde concluiu a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas, tendo ali lecionado como professor assistente.

Também na cidade, colaborou com o Diário de Coimbra, com as “Crónicas Heterodoxas”.

Em Coimbra, foi doutor honoris causa pela Universidade de Coimbra e recebeu a Medalha de Ouro da Cidade de Coimbra em 2001.

Em 2015, Eduardo Lourenço doou à Câmara de Coimbra mais de três mil livros, entre monografias e periódicos da sua autoria e de autores estrangeiros, que estão na Casa da Escrita, na Sala Eduardo Lourenço, inaugurada a 28 de novembro de 2015.

Na altura da inauguração, o ensaísta afirmou que se despedia dos seus livros que, para ele, eram “como filhos que a gente perdeu – não um, mas milhares”.

“Chamava-lhes ‘os meus caros inimigos’. Porque cada livro é uma espécie de sonho encarnado, que está fora de nós. Os livros não são pessoas tranquilas. São bichos de inquietação, fantasmas de toda a espécie”, afirmou na altura Eduardo Lourenço, considerando que “estar-se sem livros, é já ter morrido”.

Professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta, interventor cívico, várias vezes galardoado e distinguido, Eduardo Lourenço foi um dos pensadores mais proeminentes da cultura portuguesa.

Eduardo Lourenço Faria nasceu em 23 de maio de 1923, em S. Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, no distrito da Guarda.

Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas, na Universidade de Coimbra, em 1946, aí inicia o seu percurso, como assistente e como autor, com a publicação de “Heterodoxia” (1949).

Seguir-se-iam as funções de Leitor de Cultura Portuguesa, nas universidades de Hamburgo e Heidelberg, na Alemanha, em Montpellier, na França, e no Brasil, até se fixar na cidade francesa de Vence, em 1965, com atividade pedagógica nas principais universidades francesas.

Autor de mais de 40 títulos, possuiu desde sempre “um olhar inquietante sobre a realidade”, como destacaram os seus pares.

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