Um novo estudo envolvendo quase 200 mil pacientes hospitalizados revelou que a cardiomiopatia de Takotsubo — mais conhecida como síndrome do coração partido — mantém uma taxa de mortalidade preocupantemente alta, apesar dos avanços médicos e da maior divulgação sobre a doença.
A síndrome, caracterizada por uma alteração temporária na forma do coração, geralmente desencadeada por eventos de grande stress emocional ou físico, imita os sintomas de um ataque cardíaco, mas sem artérias bloqueadas. No entanto, o coração fica inchado e debilitado, dificultando o bombeamento do sangue.
De acordo com os dados recolhidos entre 2016 e 2020 nos Estados Unidos, 6,5% dos doentes internados com esta condição morreram, uma taxa que, em vez de diminuir, até aumentou durante o período do estudo, chegando a 8,38% em 2020. A maior parte dos pacientes são mulheres, especialmente na pós-menopausa, mas os homens, embora menos afetados, apresentam um risco de morte mais do dobro comparativamente às mulheres, como consta na ZME Science.
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O cardiologista M. Reza Movahed, principal autor do estudo, sublinha a gravidade da situação: “A elevada mortalidade e as complicações graves associadas à Takotsubo exigem mais investigação e novos tratamentos eficazes”.
A pandemia de COVID-19 pode ter contribuído para o aumento dos casos e da mortalidade, devido ao impacto do vírus e ao stress físico e emocional que desencadeia esta cardiomiopatia.
Apesar de ser conhecida desde 1990, a síndrome do coração partido ainda é um mistério para a medicina. Não existe um tratamento específico, sendo as terapias atuais focadas em aliviar os sintomas e controlar as complicações. A falta de um protocolo clínico definido e o diagnóstico tardio — sobretudo nos homens — agravam o risco de morte.
O estudo evidencia a urgência de melhorar a monitorização e os cuidados aos pacientes, além de aprofundar a compreensão das diferenças entre sexos e grupos etários. A conscientização dos sintomas e a atenção médica adequada podem ser cruciais para salvar vidas.
Assim, a dor no peito nem sempre significa um enfarte clássico. Pode ser um coração partido a lutar para sobreviver — e essa luta pode ser fatal.
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