Crimes

“Monstro de Fortaleza” quebra silêncio anos depois de enterrar 6 portugueses vivos

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 1 hora atrás em 22-09-2025

Imagem: DR

Luís Miguel Militão, condenado pelo brutal crime ocorrido em Fortaleza, Brasil, em 2001, esteve uma semana em liberdade com pulseira eletrónica.

Conhecido como o ‘monstro de Fortaleza’, Militão afirmou estar arrependido e disse ter pedido desculpas às famílias das vítimas. “Já tentei pedir desculpa e pedi. Ninguém me desculpa, nem eu mesmo”, declarou ao Correio da Manhã, embora falasse frequentemente de si próprio como a maior vítima da tragédia.

O condenado reconheceu que ordenou a morte de seis portugueses para lhes roubar as poupanças de uma vida e descreveu o episódio como “uma cruz que carrego para a vida”.

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Durante a entrevista, Militão manteve um tom provocador: “Encomendei as mortes. E agora? Quer trocar de vida comigo? Ou vai dizer-me que não tem culpa da minha burrice?”. Ainda assim, admitiu que cometer tal crime foi um erro.

Após a decisão do Supremo Tribunal de Justiça do Brasil, Militão não pôde ser libertado definitivamente. Permaneceu sete dias em casa de familiares, incluindo o cunhado Manuel Cavalcante, também envolvido no crime e em regime semiaberto, e a mulher, Maria Leandro. A mulher recusou dar declarações à imprensa, afirmando que não queria que soubesse a localização da família.

“Foi recusada a minha libertação, mas não desisto. Vou continuar a tentar”, afirmou Militão.

O homicídio de 2001 chocou o Brasil e Portugal: seis turistas portugueses foram enterrados vivos em Fortaleza. Francisco Simão, ex-diretor da Medicina Legal, recorda a brutalidade do crime: “Os portugueses engoliram areia e aspiraram a mesma areia. Morreram por asfixia mecânica, foram minutos que seguramente pareceram uma eternidade. Tentaram tudo para se salvar, mas não conseguiram”.

O crime foi classificado como atípico, e Militão foi condenado a 150 anos de prisão, mas a legislação brasileira limita a execução máxima da pena a 30 anos.

Manuel Cavalcante, cunhado de Militão, também recebeu uma pena elevada (120 anos), mas beneficiou de regime semiaberto em 2019 e prisão domiciliária posteriormente. Militão tentou fugir três vezes da prisão, mas manteve bom comportamento nos últimos anos. Na prisão, frequentou cursos superiores e agora espera conseguir reconstruir a vida após a liberdade temporária.

Virna, filha de 5 anos na época, lembra-se de ter dormido na barraca onde os corpos estavam, sem perceber inicialmente a tragédia. Cláudio Juventino, delegado da Polícia Federal à época, recorda a primeira confissão de um dos envolvidos e a incredulidade diante da magnitude do crime.

O local onde ocorreram os assassinatos permanece parcialmente abandonado. Apesar de ter sido prometido um memorial, o espaço acabou esquecido, e parte da família que alugou a barraca ainda vive ali.

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