Opinião

Momento da responsabilidade….Por Portugal

FERNANDO GOMES | 11 anos atrás em 07-07-2013

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FERNANDO GOMES

Esta semana Portugal viveu uma semana de loucos. Às vezes ainda dou por mim a pensar se de facto ela aconteceu ou foi apenas um pesadelo que todos vivemos.

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Começámos a semana com a mais que anunciada e pensada (era uma questão de timing) saída de Vítor Gaspar. Curiosamente, e para espanto de muitos, a transição para Maria Luís Albuquerque foi aceite de forma pacífica pelos nossos credores e instituições europeias. Devo até dizer que foi sublime a forma como ela foi realizada pelo Governo de Portugal e que levou a (pouco habituais) elogios públicos à nova Ministra das Finanças por exemplo do Presidente do BCE Mario Draghi, do Comissário Europeu dos Assuntos Económicos Olli Rehn ou ainda do Presidente da Comissão Europeia Durão Barroso.

Mas, e porque parece haver sempre um “mas”, esta alteração foi a desculpa (algum dia acreditaremos que foi mesmo esta a razão?) utilizada por Paulo Portas para o seu pedido de demissão. Este (ir)refletido ato do presidente do CDS/PP levou a que todos pusessem em causa o futuro desta coligação. A traição que Portas teve para com o seu partido, Governo e com Portugal foi inadmissível. Em tempo algum, se Portas fosse um estadista como tantas vezes o vimos afirmar, ele poderia ter tomado esta atitude.

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Gostaria de deixar um alerta que se calhar passou despercebido a alguns. Os mercados não reagiram negativamente à saída de Gaspar mas imediatamente se ajustaram perante a (des)confiança com a crise governativa criada e que deriva da hipotética saída do Governo do partido minoritário da coligação. Nunca a estabilidade governativa que o Presidente Cavaco Silva tanto exigido podia ter sido posta em causa. Esta instabilidade custou-nos vários mil milhões de euros, mais desconfiança dos credores e um olhar de lado para o país (outrora) considerado sucesso em termos de intervencionismo.

Nestes dias, vi a maioria dos portugueses defender que a traição de Portas foi um ato inadmissível e que o hipotético fim deste Governo seria muito prejudicial a Portugal! A saída do CDS seria o fim deste Governo e isso sim parece irrefutável. Foi a postura de estadista (prejudicando a sua imagem e até autoridade) de Passos Coelho que manteve em aberto a esperança num consenso e na manutenção da coligação. A meu ver há dois momentos importantes para a manutenção da coligação: por um lado a comunicação que Passos Coelho fez ao país e por outro a forte intervenção do partido CDS no volte face de Paulo Portas e no assumir que Portugal merecia responsabilidade, sensatez e que isso se deveria sobrepor a tudo o resto.

Agora que a coligação parece que se vai manter importa dizer que o PR Cavaco Silva apenas tinha duas soluções: aceitar/conseguir a manutenção desta coligação com Passos Coelho como líder ou assumir que Portugal precisava de um Governo de salvação nacional e nomeá-lo. Ficou claro que mesmo em profunda crise governativa, em momento algum os portugueses preferiam ter agora eleições e muito menos consideram que o líder do PS, António José Seguro, seja uma solução válida para Portugal.

Como o “regresso” de Portas ao Governo e a remodelação feita, o CDS ganha espaço político e responsabilidade perante terceiros. Faz-me lembrar a história de um aluno mal comportado que faz birra e consegue subir as notas. Só a responsabilidade e necessidade de pôr Portugal antes de tudo o resto pode explicar o facto de Passos Coelho aceitar o regresso de um traidor. Um traidor será sempre um traidor e espero que o Primeiro-ministro olhe sempre para trás, de modo a não ser novamente apunhalado.

Por mim mantinha-se a coligação (reforçando até o peso político do CDS) mas Portas não continuava. Por mim Passos Coelho tinha chamado a si e aos seus mais responsabilidade sob pena de parecer que o CDS tem uma espécie de golden share. Julgo que esta teria sido a solução que colocaria Portugal em melhor posição. Contudo, esta não é a altura para meninos chorões mas sim para homens de barba rija que mostram sua responsabilidade, abnegação, dão credibilidade, confiança e que possuem um enorme patriotismo e sentido de Estado. Esta é a altura de pôr Portugal acima de tudo!

FERNANDO GOMES

Economista

Conselheiro Nacional do PSD

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