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Moçambique: Empresa de segurança privada desmente discriminação racial em resgates

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 14-05-2021

A empresa de segurança privada sul-africana Dick Advisory Group (DAG) divulgou hoje números para desmentir acusações da Amnistia Internacional de discriminação racial nos resgastes à vila de Palma, norte de Moçambique, após o ataque de rebeldes, a 24 de março.

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“A maioria das pessoas que resgatámos durante 10 dias de operações em Palma eram de nacionalidade moçambicana”, sendo que “das 240 pessoas que conseguimos pôr em segurança na península de Afungi, apenas 12 eram brancas, incluindo dois corpos que recuperámos para que pudessem ser devolvidos às famílias”, anunciou em comunicado.

A Amnistia Internacional pediu na quinta-feira uma investigação ao caso após ter recebido testemunhos de racismo (a partir de 11 entrevistas) nas ações de resgate de civis do hotel Amarula pela DAG, empresa que apoiou até final de março as tropas moçambicanas.

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Além da distinção consoante a cor da pele, a AI detalhou até que o dono do estabelecimento salvou dois cães pastores-alemães de helicóptero, à frente de outras pessoas.

“A DAG não retirou o gerente do hotel e os seus cães: esse foi um acordo privado feito com uma empresa de aviação comercial”, refere o comunicado de hoje.

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O documento refere que os helicópteros da DAG tiraram 24 pessoas do hotel Amarula no dia 25 de março, entre as quais uma minoria de “seis brancos”, sendo que a equipa da DAG “não escolheu quem iria ou não ser transferido”.

A equipa aceitou no helicóptero “as pessoas indicadas pelo gerente do hotel, seis pessoas de cada vez”.

“Para além das pessoas que retirámos do alojamento Amarula, também conseguimos retirar todas as pessoas presas nos complexos Wentworth, Banotti, Palma Village e WBHO”, além de “pessoas de muitos outros locais” sem escapatórias durante os combates em curso.

A empresa refere que “esta foi uma das maiores operações de resgate de civis por helicóptero durante uma batalha em curso nos tempos modernos”.

“Estamos comprometidos com as nossas obrigações em termos de direitos humanos, tal como previsto na política da empresa e estamos incrivelmente orgulhosos da nossa equipa e dos esforços que fizeram durante este ataque para apoiar e salvar o maior número de civis presos no meio dos combates, o que foi feito com grande risco pessoal”, concluiu. 

A AI tinha alegado em comunicado, na quinta-feira, que “a total falta de coordenação entre as forças de segurança de Moçambique e o Dyck Advisory Group resultou em evacuações racistas que devem ser investigadas a fundo”.

A organização de defesa dos direitos humanos fez ainda referência a uma reunião mantida há uma semana com o ministro da Defesa moçambicano, em que este disse “apenas poder falar pelas suas forças”, rejeitando qualquer atitude de racismo.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo moçambicano.

Um ataque a Palma, junto ao projeto de gás em construção, em 24 de março provocou dezenas de mortos e feridos, sem balanço oficial anunciado.

As autoridades moçambicanas anunciaram controlar a vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar o recinto do empreendimento que tinha início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.

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