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Ministro diz que só “algo muito estranho” trava classificação da Morna pela UNESCO 

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 08-11-2019

O ministro da Cultura de Cabo Verde, Abraão Vicente, afirmou hoje à Lusa que “só se acontecer algo muito estranho aos procedimentos da UNESCO” é que a morna não será classificada como património da humanidade em 12 de dezembro.

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A posição foi assumida pelo governante depois de receber, na quinta-feira, a informação da aprovação definitiva por parte dos técnicos da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) da candidatura da morna a Património Imaterial da Humanidade, decisão que formalmente deverá ser adotada dentro de um mês, na Colômbia.

“Só se acontecer algo muito estranho aos procedimentos da UNESCO é que uma decisão validada pelos peritos não será aprovada pela reunião geral que acontecerá em Bogotá”, afirmou Abraão Vicente.

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Após a decisão técnica, o ministro garante ter “convicção total e absoluta” na decisão de classificação, que será adotada, segundo avançou, na votação prevista para 12 de dezembro.

“Levaremos [a Bogotá] a Nancy Vieira e o Manuel de Candinho, um multi-instrumentista e uma voz consolidada da morna. E é exatamente por termos a confiança que falta esse momento de charme que nós iremos com uma comitiva bastante sólida, com dois músicos, que possam fazer um presente de Cabo Verde aos que vão ratificar definitivamente esta decisão”, acrescentou.

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Cabo Verde apresentou em março do ano passado a candidatura da morna a Património Imaterial da Humanidade, cuja decisão pública deverá ser conhecida entre 09 e 14 de dezembro, em Bogotá, Colômbia, durante a reunião do Comité do Património Cultural Imaterial da UNESCO.

Segundo Abraão Vicente, além da questão técnica da candidatura, agora aprovada, Cabo Verde também “fez o trabalho diplomático” junto dos países que vão estar presentes na reunião de dezembro, para garantir a ratificação política da classificação pela UNESCO.

“Não acredito que haja uma oposição de fundo que possa reverter uma decisão que já foi tomada pelos peritos da UNESCO”, enfatizou.

Reconhecendo o apoio técnico de Portugal a esta candidatura e apoio formal de Angola ou da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), o ministro confessou “especial prazer” pela “alegria” que está a ser vivida em Cabo Verde com a aprovação técnica da candidatura, que deixa a classificação a um “passo formal”.

No entanto, garante tratar-se da “ponta do icebergue do potencial cultural” de Cabo Verde e que “com mais tempo” é possível “inscrever sucessivamente, como tem feito Portugal nos últimos anos, vários bens na lista do património imaterial” da UNESCO.

“É ótimo o que estamos a conseguir com a morna, mas nós podemos conseguir muito mais, caso o setor da Cultura tenha os recursos adequados a capacidade de contratar ‘expertise’ necessária. Por isso penso que é só o início de um processo longo de reconhecimento das várias formas de expressão cultura de Cabo Verde”, apontou ainda Abraão Vicente.

O dossiê cabo-verdiano contou com colaboração do antropólogo Paulo Lima, especialista português na elaboração de processos de candidatura a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO, como o fado, o cante alentejano e a arte chocalheira.

Para Abraão Vicente, com este dossiê já ficou demonstrada, de forma institucional, as características históricas, culturais, musicais e de enraizamento da morna, algo que “há muito tempo” era perseguido por Cabo Verde, mas que tardava em passar à forma de candidatura.

Quanto à festa, o ministro garante que só depois da votação final: “Celebrações, celebrações só depois do dia 12 de dezembro”, concluiu.

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