O Santíssimo Milagre de Santarém é considerado um dos mais antigos milagres eucarísticos reconhecidos pela Igreja Católica.
Ocorreu entre os anos de 1247 e 1266 e permanece até hoje como objeto de veneração no Santuário do Santíssimo Milagre, na cidade de Santarém.
Segundo relatos da época, uma mulher desesperada com o comportamento do marido recorreu a uma feiticeira, que lhe exigiu uma hóstia consagrada para realizar um feitiço. A mulher, após receber a comunhão na Igreja de Santo Estêvão, retirou a hóstia da boca e envolveu-a no seu véu. No caminho, a hóstia começou a sangrar, surpreendendo os que testemunharam o acontecimento.
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Em pânico, a mulher correu para casa e escondeu a hóstia sangrante numa arca. Durante a noite, tanto ela quanto o marido presenciaram uma intensa luz a sair do local onde a hóstia estava guardada. Diante do prodígio, ambos passaram a noite em oração e arrependimento.
Na manhã seguinte, o pároco foi informado do acontecimento e a hóstia foi levada solenemente de volta à igreja. Anos mais tarde, em 1340, ao abrir-se o sacrário, descobriu-se que a hóstia estava milagrosamente guardada dentro de uma âmbula de cristal, que nunca havia sido colocada ali por mãos humanas. Esta âmbula foi, então, colocada numa custódia de prata dourada, onde permanece até os dias de hoje.
Este milagre eucarístico teve grande repercussão ao longo dos séculos. Registros históricos indicam a devoção de várias figuras importantes, como a Rainha Santa Isabel, que em 1325 realizou uma procissão penitencial ao local do milagre, e o rei D. Afonso VI, que em 1664 visitou o santuário e o convento onde se guardava a toalha com vestígios do sangue da hóstia.
A devoção ao Santíssimo Milagre continua viva em Santarém, atraindo peregrinos de várias partes do mundo. O local onde a mulher viveu foi transformado na Ermida do Milagre, perpetuando o testemunho deste evento que, até hoje, inspira fé e admiração entre os católicos.
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