O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou hoje que um acordo sobre a Faixa de Gaza está “muito, muito próximo”, numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, após uma reunião na Casa Branca.
“Este é um grande, grande dia, um dia magnífico: estamos, no mínimo, muito, muito perto, e acho que até estamos mais do que muito perto, e quero agradecer a ‘Bibi’ por ter realmente vindo e feito o trabalho”, declarou Trump, usando o diminutivo do chefe do Governo israelita.
Ao lado de Netanyahu, Trump agradeceu-lhe também por “ter aceitado” o seu plano de 20 pontos para Gaza, que prevê que o líder norte-americano presida a uma comissão para supervisionar a transição naquele enclave palestiniano e segundo o qual, se for adotado, “ninguém será obrigado a abandonar Gaza”.
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“Obrigado por aceitar este plano para pôr fim (…) à destruição a que há tanto tempo assistimos”, disse Trump ao chefe do Governo israelita.
O Presidente norte-americano garantiu que “todos”, exceto o grupo islamita palestiniano Hamas, aprovaram o seu plano nesta fase, afirmando esperar agora que aquele movimento, desde 2007 no poder na Faixa de Gaza, aceite também o seu plano de paz.
“Tenho a sensação de que vamos ter uma resposta positiva” do Hamas, acrescentou.
Caso tal não aconteça, Trump sublinhou que Israel “tem o total apoio” de Washington para tomar medidas para derrotar o Hamas, que desencadeou a guerra em Gaza ao realizar, a 07 de outubro de 2023, um ataque de proporções sem precedentes em território israelita, matando 1.200 pessoas e sequestrando 251.
A retaliação de Israel fez até agora no enclave palestiniano pelo menos 66.055 mortos, na maioria civis, e 168.346 feridos, além de milhares de desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros e também espalhados pelas ruas, e mais alguns milhares que morreram de doenças e infeções, segundo números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Se o Hamas concordar com o plano de paz, Israel retirará da Faixa de Gaza “por etapas”, indicou Trump.
“Em colaboração com a nova autoridade de transição em Gaza, todas as partes concordarão com um calendário para a retirada gradual das forças israelitas”, anunciou o Presidente norte-americano.
Há muito que a ONU declarou o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” e “o mais elevado número de vítimas alguma vez registado” pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo, mas a 22 de agosto emitiu uma declaração oficial do estado de fome na cidade de Gaza e arredores.
Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU acusara Israel de genocídio em Gaza e de usar a fome como arma de guerra, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), e uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais de defesa dos direitos humanos.
Atualmente, está em curso a tomada da cidade de Gaza, mais uma deslocação forçada dos habitantes para fora da cidade e uma ocupação do território de mais de 80% pelo Exército israelita, que regularmente abre fogo sobre “zonas humanitárias”, classificadas como “seguras”, e sobre civis famintos que se dirigem aos locais onde víveres são distribuídos a conta-gotas, após um bloqueio humanitário total de mais de dois meses.
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