Opinião
Maturidade ficcional
Com a maturidade a roupa e os dilemas são outros. Criamos necessidades e inúmeras vezes perdemos o essencial pelo caminho. Estamos distraídos, nem que para isso seja necessário parecermos pessoas disfarçadas e onde tudo parece normal.
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Quando se é adulto quase tudo parece permitido mesmo que seja pecado, o que torna a vida fantástica e assustadora. A vantagem é a possibilidade de escolher o que vem a seguir. Na prática, é a convivência com o outro e seu temperamento, a educação, civilidade e, também, o seu contrário, que contribuem para uma vida socialmente tolerante.
A maturidade é ficcional. Constatamos que o mundo já está feito, que está tudo dito, escrito, inventado, remediado e que o cérebro está, também, programado para o seu esvaziamento. A arrogância é permissiva e, assim, repetimos, solenemente, os mesmos erros.
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Aliás, o erro é uma prerrogativa da espécie, porque nem sempre a consciência está em desacordo. Eu reconheço a minha vaidade, evoluímos sem inocência e esquecemos que não somos uma ilha. Administramos o egoísmo como se fosse a nossa conta bancária e julgamos os outros pela escala dos nossos egoísmos; e os arrogantes pela presunção da superioridade. Falta-nos o equilíbrio, a vida sem fingimento.
Estamos a pagar os custos do futuro, basta ler os jornais, ver a televisão e a vida do vizinho. Só não tenho a certeza se saberemos lidar com o abismo da desigualdade, a poluição, o consumo e o desperdício global.
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A educação de um adulto é também, a sua consciência moral. Ser adulto exige disciplina. A maturidade, como síntese da experiência, guarda o conhecimento possível para validar a redenção.
OPINIÃO | ANGEL MACHADO – JORNALISTA
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