“Incompetência, insensibilidade e hipocrisia: este é o retrato da resposta da Comissão e dos governos à crise da Zona Euro”, afirmou hoje Marisa Matias durante o debate do Relatório sobre o Semestre Europeu para a coordenação das políticas económicas, na sessão plenária do Parlamento Europeu em Estrasburgo.
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A deputada do Bloco de Esquerda considerou que apesar de terem sido incluídas diversas propostas positivas, este relatório não pode ser isolado da política global europeia em matéria económica. Exemplo disso mesmo é a valorização “dos regulamentos até agora adoptados no quadro do six pack e do two pack, que configuram o que é a visão das instituições europeias em matéria de resposta à crise. E, convenhamos, essa resposta tem sido um fracasso total!” – disse. Perante isto, o relatório sobre o Semestre Europeu “tira conclusões ambíguas, diz uma coisa e o seu contrário e no fim de contas estamos sempre a voltar aos mesmos chavões e vacuidades”, lamentou Marisa Matias.
Os números são elucidativos quanto a esse mesmo fracasso. Veja-se o aumento da dívida em Portugal “em 33 pontos percentuais em três anos de austeridade. É a isto que chamam ajustamento?” – questionou a eurodeputada.
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“O ajustamento que falta é o da política económica que produziu estes resultados. O que é um desastre não é a política de comunicação da troika, como se afirma no relatório. O que é um desastre é a política da troika, ponto.”
A deputada apontou ainda o dedo à Comissão a propósito das incoerências da política económica europeia. “Diz a Comissão que a competitividade não pode ser só pelos custos, mas a única política nos países ditos deficitários é a do massacre salarial. Nada mais! Diz a Comissão que é necessário promover o investimento e proteger as pequenas e médias empresas, mas no meu país, continua-se a injetar rios de dinheiro dos contribuintes no sistema financeiro” e isto sem qualquer tipo de exigência ao nível do crédito à economia, num escandaloso contraste com a condicionalidade draconiana que é imposta ao Estado.
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“A situação nas economias periféricas é dramática e mostra que o tempo da tibieza no debate sobre as escolhas da União Europeia está esgotado. A direita está a destruir a Europa. Eu não compactuo com consensos podres em vez de uma oposição firme ao descalabro destas políticas, não serei cúmplice desta estratégia da direita” – concluiu Marisa Matias
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