Economia
Mário Centeno afirma (em Coimbra) que pessoas em mobilidade garantiram 7,2 milhões de empregos em cinco anos na zona euro

Na zona euro foram criados 12 milhões de empregos nos últimos cinco anos e, destes, 7,2 milhões (60%) foram ocupados por pessoas que trabalham num país diferente daquele onde nasceram, afirmou o governador do Banco de Portugal (BdP).
Intervindo hoje numa conferência na sessão comemorativa do 46.º aniversário do Instituto Politécnico de Coimbra, Mário Centeno explicitou que os 12 milhões de postos de trabalho foram criados após a pandemia, entre o segundo trimestre de 2020 e o primeiro trimestre deste ano, na área do euro, constituída por 20 Estados-membros da União Europeia (UE).
“O conceito poderoso que está por detrás deste enorme sucesso das nossas economias e das nossas sociedades é um fenómeno de mobilidade de trabalho e de pessoas. Sem ele, a Europa não tem futuro, sem ele Portugal não tem nenhum futuro”, argumentou o economista e ex-ministro das Finanças.
PUBLICIDADE
Por outro lado, em Portugal, quase dois terços do aumento da produção, nos últimos cinco anos, está associado ao aumento da mobilidade de pessoas e de trabalho, acrescentou o governador do BdP.
“Sem essa mobilidade, nós tínhamos perdido dois terços do crescimento económico”, acrescentou Mário Centeno.
Ainda sobre o mercado de trabalho, o responsável máximo do BdP constatou que, durante os últimos dez anos, os salários pagos em Portugal quase que duplicaram: “É quase uma vertigem estatística, constatar que em dez anos fizemos o que tínhamos feito em 900 anos de história”, observou.
“Grande parte disto é aumento do emprego, o emprego cresceu quase 40%, o resto são aumentos no salário médio. Por que subiu o salário médio em Portugal desta maneira tão extraordinária? Porque sim, o salário mínimo cresceu, mas porque nós aumentámos as nossas qualificações como nunca tínhamos feito na nossa história”, vincou Mário Centeno.
Referiu ainda que os setores mais dinâmicos na formação dos números por si avançados “são aqueles que pagam salários acima da média”, deixando de parte, por exemplo, o setor do turismo.
“Não é turismo, são atividades científicas de informação, comunicação, são os setores industriais mais dinâmicos em termos de qualificações aqueles que mais têm contribuído para esta evolução”, disse.
Naquela que poderá ter sido a sua última intervenção pública antes de terminar, no dia 19, o seu mandato à frente do Banco de Portugal, Centeno avançou outros dados, lembrando, por exemplo, que entre 2008 e 2014 (período correspondente à crise financeira global e à intervenção da ‘troika’ em Portugal), o investimento na construção de habitação em Portugal caiu 83%.
Nesse período de cinco anos, acrescentou, o mesmo setor diminuiu a sua produção em cerca de 60%.
“É um enorme desafio que enfrentamos, mas estando eu numa universidade e tendo também algum espírito académico, tenho de dizer que é um bom desafio”, frisou Mário Centeno.
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE