Opinião
Mariano Gago, lembram-se dele?
Em 1995, com a criação do Ministério da Ciência, o país deu passos largos de conhecimento, investigação e patentes.
A indústria beneficiou e se não tira mais partido é porque estão demasiado rabugentos a esmolar IRC. Adiante, esses não percebem o novo mundo, a verdade alternativa que regressa para nos soprar que o Governo ordenou seis semanas de operações policiais.
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Não sei como vão fazer isto, em conjunto, de simbiose, shotgun e colete à Rambo ou com escopeta ao ombro.
Se é para “aumentar o sentimento de segurança dos cidadãos” é simples, para quem estuda e conhece.
Botas no chão, patrulhas e rondas, como sempre houve. Até que o tipo de Aguiar da Beira desatou a mudar hábitos e um outro, não sei, criou as superesquadras.
Enfim, num país de pessoas inteligentes, faltam medidas sensatas, ponderadas, de longa aplicabilidade. O que nos faltou no INEM.
Se o safety está doente, o security mal vai. E não é por falta de intelijentza.
O governador do Banco de Portugal soltou uns papéis que mostram como a fuga de jovens qualificados do país é falácia.
Nos últimos oito anos, a população ativa com formação superior aumentou, a cada ano, em 70 mil pessoas, com as universidades a formar 50 mil.
O Eurostat corrobora e considera que a percentagem de jovens portugueses que emigram é menos de metade da observada em países como Alemanha, Dinamarca ou Países Baixos.
Nisto, este país que usa o dinheiro europeu para reabilitar o fontanário e não cuida de criar riqueza para recuperar fonte e largo, sabe-se que a União Europeia vai permitir o redireccionamento de fundos de coesão para investir em defesa e segurança,
Coesão cada vez mais alargada, como o Interreg de fronteiras fundas, e menos dinheiro para o que já devia estar feito, saneamentos e afins.
A soma de 392 mil milhões de euros do orçamento comum (2021-2027) vai para indústrias de defesa e infraestruturas militares.
Enquanto torramos ferro que nem metalúrgica fundida, a despesa galga a fundições de 10% – já foi de 4,2%.
A dívida pública vai subir 4,3%, mas vem aí um novo fundo “deep tech” de 100 milhões de euros, metade da República. Finalmente vamos investir em computação, e há muito para fazer.
A testa de ponte instalada em Nelas e Chaves mostra o quanto a cibersegurança é palavra ignorada no país.
Reproduzir o dinheiro e, depois sim, soltar a despesa.
Mas o essencial, segurança física e cibernética, não se faz com aparato.
Mariano Gago percebeu esse essencial, mas a escalabilidade das políticas públicas tosquiou a ideia.
Nisto, em Portugal cortámos 70 milhões à investigação científica.
Em vez de replicarmos exemplos de mecenas, como a BIAL – lanceiro de proa na farmacêutica, choramos um programa de Donativos ao Estado. À Administração Pública.
Parvoeira. O Estado tem é que ficar dono de todo o património que não é reclamado, e taxar, como propõe o imposto Elon Musk, uma taxa de 3% sobre o total das receitas provenientes de serviços digitais sujeitas ao imposto.
Empresas que, diga-se, vivem de conteúdos alheios que não pagam nem sustentam.
Este é um estipendio orçamental, onde a tributação sobre o trabalho pesa mais que a que incide no capital.
Mas eles gostam, dos pato-bravos da anilha e do betão, esquecidos dos tempos em que se emprestavam ovelhas e se compravam jipes ao invés de tratores.
“O desafio do desenvolvimento científico atinge o país inteiro e põe em jogo mecanismos que atravessam a sociedade toda. Sem cultura científica mínima são escassas as oportunidades de cidadania autêntica, de construir ou participar nas escolhas de sociedade”.
Falta engenho!
OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA
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