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Mariana Mortágua em campanha no feminino para travar a direita e formar maioria de esquerda

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 meses atrás em 07-03-2024

Imagem: Facebook

Com o objetivo de virar a página da maioria absoluta e travar a direita, Mariana Mortágua bateu-se por uma maioria de esquerda com força do BE para impor medidas, uma campanha no feminino e com aposta na rua.

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As eleições antecipadas de domingo baralharam o calendário do país, mas também o do BE, que chega às legislativas pressionado a recuperar do desaire eleitoral de 2022 e com uma nova liderança que ainda não tem um ano de vida.

Bem antes da caravana se fazer à estrada, a líder do BE decidiu pôr as cartas na mesa e mostrar disponibilidade para um novo acordo pós-eleitoral com o PS para uma maioria de esquerda, uma evocação da geringonça que, segundo defendeu em entrevista à Lusa, foi a “única governação em que fez exatamente o que se disse que ia fazer”.

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Sob o lema “fazer o que nunca feito” e focado em salários, habitação e saúde, o discurso teve linhas claras: “virar a página da maioria absoluta”, “derrotar a direita”, “travar a extrema-direita” e conseguir uma “maioria de esquerda que dê estabilidade ao país”.

Com ataques constantes “ao desastre da maioria absoluta” e a um PS “viciado em remendos”, mas poupando nas críticas diretas ao novo líder socialista, Pedro Nuno Santos, Mortágua pediu força nesta nova maioria de esquerda pela qual se bateu todos os dias para impor soluções com a marca do BE num futuro programa do Governo.

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Os apelos ao voto foram-se multiplicando – aos “enganados da maioria absoluta”, aos pensionistas, aos jovens, aos indecisos e sobretudo às mulheres -, tendo os bloquistas travado uma batalha contra o voto útil que, caso fosse um livro em Portugal, teria como título “A história de um arrependimento”.

A meio da volta ao país, que somará cerca de cinco mil quilómetros, a líder do BE insistiu na tecla de um “Bloco a crescer” e, desvalorizando as sondagens, apontou que o mais importante é a pesquisa de opiniões que faz no contacto com a população.

Determinada em mostrar uma faceta diferente daquela séria e assertiva que os portugueses se habituaram a ver, sobretudo, nas comissões de inquérito, Mortágua saiu à rua todos os dias e distribuiu sorrisos, incontáveis beijinhos e abraços, “ganhou” novas avós e recebeu pedidos frequentes e repetidos para tirar fotografias, sobretudo `selfies´.

Foi principalmente nas mulheres, “a maior força deste país”, que Mariana Mortágua encontrou o seu apoio mais visível, tendo o mais concorrido comício desta campanha, um toca a reunir em Lisboa da família bloquista, ficado marcado por um discurso totalmente no feminino que terminou com um derradeiro apelo: “votem como mulheres”.

Com um desenho de campanha similar aos anteriores, apesar de uma nova liderança, o BE quis também passar a imagem de um partido unido, em que as gerações se cruzam, e para isso Mortágua teve a seu lado em diferentes momentos – e em alguns deles ao mesmo tempo – as duas figuras que a antecederam à frente dos destinos do partido: Francisco Louçã e Catarina Martins.

Sem quantificar uma meta, a líder bloquista traçou o objetivo de crescer e recuperar deputados perdidos em distritos como Braga, Aveiro, Coimbra, Santarém e Faro porque que só assim voltará a haver representação da esquerda nestes círculos eleitorais, uma ideia repetida em vários comícios.

Este aviso de que, em muitos distritos, ou elege o BE ou a direita foi deixado em diferentes momentos e também por Catarina Martins que, na arruada em Santa Catarina, disse ver uma campanha em crescendo como nos tempos de 2015 e 2019, quando ainda era líder e o Bloco tinha 19 deputados e não os atuais cinco.

E foi precisamente contra a direita que Mariana Mortágua se virou várias vezes para criticar o “desfile do passado”, sobretudo quando à campanha da AD se juntou Passos Coelho, “a maior recordação” da governação da austeridade, alegou.

A imigração e o aborto também foram temas nos quais o BE se quis demarcar da direita e houve uma pergunta recorrente ao longo dos dias que não teve resposta: “quem é que financia o Chega?”.

Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar no domingo para eleger 230 deputados à Assembleia da República.

A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.

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