A deputada do BE Mariana Mortágua despediu-se hoje da Assembleia da República saudando os trabalhadores parlamentares e pedindo a sua valorização, depois de ouvir palavras de apreço de quase todas as bancadas, com exceção do CDS-PP.
No seu último discurso no hemiciclo da Assembleia da República, depois de 12 anos como deputada, Mariana Mortágua começou por desejar “paciência e firmeza aos bravos e às bravas que insistem em defender a democracia na sua casa”.
“E quero também deixar uma última nota, porque os deputados vêm e vão, ficam mais tempo, menos tempo, mas há pessoas que estão sempre cá para fazer a Assembleia da República e, se posso deixar uma última palavra, é para eles que quero deixar”, afirmou.
Mariana Mortágua disse querer deixar uma palavra a “todos os funcionários da Assembleia da República, na pessoa do senhor Sá”, passando pela “dona Conceição”, do bar parlamentar, e por “todas as funcionárias que fazem a limpeza deste espaço”.
“Eu não tenho direito a um último desejo, mas aqui fica uma vontade e uma nota para o Conselho de Administração: que todos os trabalhadores sejam reconhecidos como trabalhadores da Assembleia da República e possam ter salários e carreiras que respeitem o trabalho e contributo que dão ”, pediu, num discurso aplaudido de pé por todas as bancadas da esquerda e por alguns deputados do PSD.
Mariana Mortágua fez este discurso depois de o presidente da Assembleia da República ter dado um minuto e meio a cada partido, antes do período de votações, para deixar uma palavra à deputada única do BE, no seu último dia parlamentar.
Aguiar-Branco frisou que conhece Mariana Mortágua desde a 12.ª legislatura e deixou-lhe elogios, salientando que, apesar de terem sido “adversários políticos”, isso não o impede de respeitar o modo “como a deputada sempre defendeu os seus ideais e honrou o mandato dos portugueses que votaram no BE”.
O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, disse responsabilizar o BE por “muitas das decisões” que considera terem prejudicado o país, mas salientou que Mariana Mortágua “foi sempre de grande lealdade no combate político” e “engrandeceu a casa da democracia pela qualidade técnica que quis pôr sempre nas suas intervenções”.
Pelo Chega, o líder parlamentar, Pedro Pinto, salientou que a deputada só se vai embora “porque quer”, mas reconheceu que vai fazer falta.
“Faz falta até para o combate político que nós gostamos, esse combate político que a senhora deputada mete sempre, esse acérrimo combate político. Mas há uma coisa que eu tenho de lhe agradecer: é quase ter acabado com o BE”, ironizou, perante os risos da sua bancada.
A deputada do PS Marina Gonçalves elogiou Mortágua por ter sido uma “voz ativa” no parlamento e pediu “que nunca lhe falte a voz na defesa dos portugueses”.
O líder parlamentar da IL, Mário Amorim Lopes, frisou que há “um oceano de diferenças” que o separa de Mariana Mortágua, mas frisou que isso “não apaga a forma” como a deputada, “com combatividade e convicção, serviu todos os que votaram no BE”.
O porta-voz do Livre Rui Tavares disse ter muito orgulho elogiou a “qualidade do trabalho parlamentar” de Mariana Mortágua, a sua “intervenção democrática e a coragem e convicção que põe em tudo o que faz”, enquanto a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, destacou o trabalho que os dois partidos conseguiram fazer juntos e saudou a sua cordialidade e “respeito no debate democrático”.
O líder parlamentar do CDS-PP, Paulo Núncio, que se queixou recentemente de ter sido alvo de um “gesto degradante” de Mariana Mortágua, que a deputada alegou ser um “símbolo da cultura ‘rock’”, disse ter “nada de bom” a dizer sobre a deputada, desejando-lhe “um bom futuro na cultura ‘rock’”.
O deputado único do JPP, Filipe Sousa, desejou-lhe “as maiores felicidades do mundo”, enquanto a deputada do PAN Inês Sousa Real disse à Lusa contar com Mortágua “no bom combate das causas”.
Mariana Mortágua anunciou em outubro que iria deixar o parlamento no final deste ano, após ter saído da liderança do BE. Será substituída pelo ex-deputado Fabian Figueiredo.
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