A nossa língua é pátria e obsessão, trocadilhos, palavras sonoras, bonitas, ricas. Concordância, que não a encontro, pretexto que não me falta, e obsessão, assim como esta: “Ele é o bom vinho que nós e o nosso tempo necessitamos”. A frase, que não é minha, tem em si todo um programa. Foi dita pelo Cardeal Jaime Spengler, em Fátima, quando nos falava de “esperança”.
Sem rede, neste criticismo militantes e pego de chofre, já benzido, na campanha, que foi das boas. Bom entretenimento e menos escrutínio jornalístico, que é lá isso de fazer perguntas, pedir esclarecimentos, inquietações?
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O melhor é ler, fi-lo, no relato da Jornalista Aura Miguel, vaticanista, sobre o Cardeal Robert Prevost, o novo chefe da Igreja Católica, que humildemente, desabafou ao ‘La Reppublica’ ainda estar “a aprender a ser Papa!”.
A ideia de uma chave, que tudo resolve e os alicerces a quebrarem-se.
Vejo o Movimento da Terra de Miranda a criticar duramente o relatório sobre avaliação de barragens para efeitos de IMI. Excluídos os equipamentos da base tributável, contrariando o despacho anterior e beneficiando uma empresa que comprou meia dúzia de barragens por tuta e meia.
Uma espécie de via verde para a alforria, que encontra respaldo na outra, a da imigração, que não teve qualquer adesão. As empresas portuguesas não gostam de pagar o justo, e percebe-se melhor. faltam braços, mas o soldo é pago de jorna e assim ficamos com essas dificuldades, como a exigência de garantir alojamento aos trabalhadores estrangeiros. Preferimos os contentores, e, entretanto, os números, ácidos, dizem-nos que 1,6 milhão de imigrantes vivem em Portugal, representando 15% da população, e isso ajuda as contas da Segurança Social e torna o país mundividente.
Lá de fora, do cofre europeu, o Parlamento rejeitou a proposta de Ursula von der Leyen para mudar a arquitetura do próximo orçamento comunitário pós-2028. Não haverá mais Plano de Recuperação e Resiliência, nem fusão de programas. Os lavradores que vivem dos subsídios europeus, não querem Coesão e Agricultura juntas, naquela que seria uma medida sensata. E visionária.
Corremos assim no esforço contínuo para a democracia. Sim o TikTok sustenta que implementou um conjunto de medidas antes das próximas eleições portuguesas.
O TikTok lançou um Centro Eleitoral na aplicação e, dizem, removeu 275 conteúdos por violarem as políticas de integridade cívica e eleitoral, desinformação e conteúdos gerados por IA. Além disso, a plataforma eliminou mais de 45.000 contas falsas, 390.000 gostos falsos e 26.000 seguidores fictícios, além do bloqueio da criação de mais de 7.400 contas de spam em Portugal. E no Facebook, quantas? Estamos perante um exército de bots que nos quer empurrar a mão para votar, onde o algoritmo impuser.
Estamos a ser atacados, pior, deixamos que isso aconteça. Como deixámos que uma loja histórica, a Ourivesaria “Marialva”, tenha fechado. Teremos banhos de purificação. E nisto, contou-me este jornal que a loja, no número 19 da Rua Visconde da Luz, criada em 1944, desapareceu.
A loja nunca foi propriedade da família, mas sempre pagou renda.
Houve promessas, mas a loja fechou. Estamos no bom caminho. E como hoje é dia de reflexão, constato que nada disto se discutiu no circo eleitoral, pelo que reflito nas 255 mortes de bebés até ao primeiro ano de idade, registado em 2024. Mais uma redução dos nascimentos e aumentou a taxa de mortalidade infantil, de 2,5 para 3 mortes por cada mil nascimentos. Nós que, nesta matéria enquanto país, fomos exemplo. Benchmark, como agora se diz. Outra inquietação, que ninguém me veio explicar, foi a maior queda do Produto Interno Bruto, desde a pandemia, no primeiro trimestre deste ano. Uma contração de 0,5% face ao trimestre anterior. O segundo pior resultado entre os países da Zona Euro. Haja reflexão.
Cavalgamos no ginete e assim vamos. marialvas e peralvilhos.
OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO -JORNALISTA
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