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Manifestações e 230 mortos: Como está Espanha após um mês das inundações?

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 semanas atrás em 29-11-2024

Imagem: DR

O leste de Espanha foi atingido há um mês, em 29 de outubro, por inundações em que morreram pelo menos 230 pessoas e que hoje e sábado serão assinaladas com manifestações de protesto contra o poder político.

A região mais afetada pelas cheias foi a de Valência e é aqui que se esperam os maiores protestos, que têm como principal alvo o presidente do governo regional, Carlos Mazón, dirigente do Partido Popular (PP, direita) e o responsável pela proteção civil.

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No entanto, no último mês, surgiram também críticas ao Governo central, do socialista Pedro Sánchez, a quem cabe mobilizar meios para o terreno, e os dois executivos têm trocado acusações.

Em paralelo, no terreno, um mês após as cheias, continua a haver lama e água em centenas de garagens, caves e pisos térreos de vários edifícios. Mais de 20 escolas permanecem fechadas em Valência e centenas de carros danificados estão ainda por retirar de bermas ou terrenos.

As autoridades confirmaram até agora 230 mortos, 222 dos quais na região autónoma da Comunidade Valenciana.

Em Castela La Mancha morreram mais sete pessoas e há um morto confirmado na Andaluzia, no sul de Espanha.

Quatro pessoas continuam desaparecidas e permanecem as operações de busca no terreno.

As equipas de militares, polícias e bombeiros resgataram nos dias e semanas que se seguiram às inundações 37.000 pessoas que tinham ficado presas em carros, casas e ruas.

As inundações resultaram de níveis de chuva inéditos em Espanha e causaram danos em perto de 100 municípios, 87 dos quais na Comunidade Valenciana, segundo um mapa do sistema de observação europeu Copernicus. Ficaram sob água cerca de 25 mil hectares.

Nas zonas afetadas na região de Valência há mais de 840 mil residentes.

Há 30.000 edifícios potencialmente danificados e 1.656 casas foram declaradas como não habitáveis. Em pelo menos 130 casos, terão de ser demolidas.

Cerca de 600.000 pessoas ficaram sem água potável, 150.000 sem eletricidade, 220.000 sem telefone fixo e 300.000 sem telemóvel.

Segundo as autoridades, 80% das canalizações de água afetadas foram recuperadas e foram restabelecidas já a 100% as linhas de telecomunicações e o abastecimento de luz.

As inundações causaram também danos em quase 500 quilómetros de linhas de comboio e 160 quilómetros de estradas. A maioria das vias está reaberta e em funcionamento.

Foram retiradas 250 mil toneladas de resíduos das zonas por onde passaram as enxurradas até agora, num momento em que ainda prosseguem as tarefas de limpeza.

O temporal deixou milhares de carros amontoados em estradas, ruas e parques de estacionamento, muitas vezes empilhados uns nos outros em verdadeiras montanhas de veículos, naquilo que é uma das imagens mais associadas a estas inundações.

Segundo o Governo espanhol, há cerca de 120 mil carros destruídos e é necessário repor o parque automóvel da região de Valência, pelo que aprovou esta semana um plano específico de ajudas com este objetivo.

Por outro lado, há perto de 70 áreas industriais com danos, onde funcionavam milhares de empresas. Pelo menos 1.800 comércios tiveram danos, segundo associações patronais.

O Governo espanhol já aprovou três pacotes de ajudas às populações, empresas e municípios afetados, num valor de 16,6 mil milhões de euros.

Segundo o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, as verbas aprovadas até agora equivalem a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) de Espanha e o país terá de rever metas de défice e de dívida públicos, assim como a distribuição de fundos europeus, atendendo à dimensão da catástrofe e aos meios que serão necessários para recuperar as zonas afetadas e relançar a economia local.

Espanha iniciou também os procedimentos para ativar o fundo de solidariedade da União Europeia (UE).

Foram enviados 8.500 militares e 9.300 elementos das forças de segurança do Estado para o terreno afetado pelas cheias, naquele que é o maior dispositivo de sempre já mobilizado em Espanha em tempos de paz.

Somam-se os meios regionais e locais, assim como organizações não-governamentais (ONG), como a Cruz Vermelha ou a Caritas.

As populações queixam-se de os alertas da Proteção Civil terem sido insuficientes e tardios e de falhas na assistência após as inundações.

Uma manifestação em 09 de novembro em Valência, convocada para pedir a demissão do presidente regional e em que se ouviram também críticas ao executivo central, mobilizou cerca de 130.000 pessoas, segundo as autoridades.

As mesmas associações voltaram a convocar agora manifestações, sob o mesmo lema.

Para hoje, dia em que se assinala um mês das inundações, estão convocadas concentrações para todos os municípios da Comunidade Valenciana e, para sábado, uma manifestação na cidade de Valência.

A coordenação no terreno da resposta às inundações é do governo regional valenciano, a quem cabe pedir meios ao executivo central e definir a sua atuação e afetação no território. Mas Sánchez foi criticado por não ter declarado unilateralmente o estado de “emergência nacional”, que retiraria a tutela da coordenação à região autónoma.

Carlos Mazón queixou-se de que os organismos da meteorologia e das confederações hidrográficas, que são tutelados pelo Governo central, enviaram ao governo autonómico informação tardia e não exata sobre a chuva e os caudais dos rios no dia 29 de outubro.

Pedro Sánchez respondeu com dados e negou a acusação, atribuindo as culpas das falhas na gestão das cheias a Mazón, sugerindo que não soube o que fazer e não esteve à altura do cargo que ocupa.

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