Um total de 5.960 famílias foram acolhidas no distrito de Mueda, em Cabo Delgado, após recentes ataques nos distritos de Mocímboa da Praia e Palma, no norte de Moçambique, disse sábado fonte oficial.
“Recebemos mais ou menos 5.960 famílias, o correspondente a 13.986 pessoas, com destaque para 6.300 crianças que estão em quatro centros de reassentamento aqui da vila de Mueda, concretamente Lyanda, Mpeme, Eduardo Mondlane e Nandimba”, disse Assamo Omar, secretário permanente de Mueda, em declarações a jornalistas.
As autoridades de Mueda manifestaram preocupação sobre as mais de 6.000 crianças deslocadas, referindo que estão a procurar enquadramento para que não fiquem de fora das avaliações escolares finais.
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“Também temos que ter um tratamento especial tendo em conta a aproximação da época dos exames escolares, portanto nós temos que envidar esforços no sentido de enquadrar essas mesmas crianças para que tenham a possibilidade de poderem fazer exames finais de 2025”, referiu o responsável.
Face à nova onda de deslocados, o governo distrital realizou uma reunião de coordenação com os parceiros para definir as prioridades de assistência humanitária.
“Juntamente com os nossos parceiros tivemos a reunião de coordenação que é para nós podermos prever aquilo que é necessário, sobretudo aquilo que são os abrigos, assistência alimentar, questão de água e saneamento”, disse Assamo Omar, pedindo mais apoios para “minimizar o sofrimento” das vítimas dos ataques rebeldes.
Entre 22 de setembro e 13 de outubro a “escalada de ataques e a insegurança provocada por grupos armados” levou a “novos deslocamentos” – num total de 92.792 pessoas, equivalente a 25.476 famílias – essencialmente nos distritos de Balama, Mocímboa da Praia, Montepuez e Chiúre, Cabo Delgado, mas também em Memba, província de Nampula, de acordo com o mais recente relatório do terreno da Organização Internacional para as Migrações (OIM), consultado pela Lusa.
Pelo menos 462 pessoas foram condenadas por envolvimento nos ataques terroristas em Cabo Delgado, com 918 processos-crime abertos, avançou o Gabinete Central de Combate à Criminalidade Organizada e Transnacional (GCCCOT).
A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques terroristas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito da Mocímboa da Praia.
Oito anos depois desse primeiro ataque, o Governo afirmou este mês que continua a fazer esforços para garantir a segurança às populações e bens para que estas comunidades permaneçam nos lugares de origem em paz.
O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, considerou este mês como “atos bárbaros” e contra a “dignidade humana” os ataques terroristas no norte do país.
O Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED) contabiliza 6.257 mortos ao fim de oito anos dos ataques terroristas, alertando para a instabilidade atual, com o recrudescimento da violência.
“A situação é bastante instável. Em setembro, o [grupo extremista] Estado Islâmico de Moçambique (ISM) estava ativo em 11 distritos de Cabo Delgado e também cruzou para Nampula no final do mês”, disse à Lusa Peter Bofin, investigador da ACLED.
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