Portugal

Maçonaria preocupada com “crescente falta de confiança” dos cidadãos nas instituições

Notícias de Coimbra | 1 ano atrás em 11-12-2022

O grão-mestre do Grande Oriente Lusitano, Fernando Cabecinha, manifesta preocupação pela “crescente falta de confiança” dos portugueses nas instituições numa altura em que vê os regimes democráticos “postos em causa” pelos seus “tradicionais inimigos”.

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“O Grande Oriente Lusitano vê com grande preocupação a crescente falta de confiança dos cidadãos portugueses nas instituições fundamentais da governação, nos seus titulares, nos representantes eleitos, na justiça e na autoridade do Estado, que têm como missão fazer cumprir a lei e zelar pela ordem pública”, escreve o líder desta obediência maçónica, um ano após ter sido eleito, numa mensagem “aos cidadãos portugueses”.

Na opinião de Fernando Cabecinha, “impõe-se que, de forma urgente, se desencadeiem ações adequadas à reaproximação dos cidadãos dos seus governantes, promovendo uma cidadania ativa e responsável” e para que se chegue a esse objetivo todos os titulares de cargos públicos devem elevar o grau de exigência na sua intervenção para que os seus atos não sejam desvalorizados por questões de legalidade ou de conduta inadequada”.

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“O escrutínio prévio de incompatibilidades e a transparência não devem impedir, mas promover, a boa governação”, defende o grão-mestre.

Fernando Cabecinha alerta que “as liberdades, a igualdade de oportunidades entre os homens, os regimes democráticos e livres que respeitem os direitos humanos voltam a ser postos em causa pelos seus tradicionais inimigos”.

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Além disso, “as más práticas económicas, industriais e financeiras poluem profundamente o ambiente e promovem desequilíbrios críticos que colocam em risco a humanidade e facilitam a germinação de ideias antidemocráticas que parecem ser soluções fáceis para os problemas que todos enfrentamos, sendo que a globalização, apesar de também integrar efeitos positivos, amplifica atualmente os efeitos das pandemias e da guerra à escala planetária e, como não podia deixar de ser, afeta com dureza o nosso país”.

Advertindo que “nenhum ser humano está defendido de e é imune aos efeitos adversos dos tempos” que se vivem”, o grão-mestre acentua: “É, aqui e agora, a hora de a Maçonaria contribuir, como lhe compete por princípio – e todos os maçons sabem e desejam –, para a inversão do rumo de crescente destruição e degradação da Humanidade enquanto conjunto dos seres humanos e da humanidade que há em todos eles e do Planeta enquanto ecossistema que importa preservar como suporte de toda a vida”, salienta.

O Grande Oriente Lusitano “lança um alerta para os indicadores de desenvolvimento humano, de bem-estar social e económicos que nos afastam da convergência europeia, acentuando as desigualdades entre os cidadãos em matéria de acesso à saúde e à habitação, bem como a uma educação de qualidade acessível a todos”.

Fernando Cabecinha considera que “as formas de representação popular devem ser enriquecidas, potenciadas em toda a sua magnitude, para que os cidadãos as sintam como suas, respeitando e tendo orgulho na República”, exigindo também “um enquadramento legislativo sempre de elevada qualidade, rigor técnico e clareza, para que não se gere o sentimento de que as Leis e a sua aplicação protegem apenas pessoas e organizações poderosas e com muitos meios financeiros e económicos”.

O líder desta obediência maçónica alega que “os jovens precisam que o País tenha uma agenda política que lhes abra horizontes”, mas é também “um imperativo de solidariedade geracional”, não só com os mais novos, ter uma política séria de enquadramento dos seniores” para evitar que se sintam abandonados. “Quem esquece ou desconsidera os seus seniores, esquece e desconsidera o seu próprio País”, adverte.

O grão-mestre desta loja maçónica avisa que “a economia selvagem, a especulação desenfreada, estão a atacar os valores fundamentais da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade e a exaurir recursos que são infelizmente finitos” e critica “toda a atividade empresarial que seja predadora dos recursos que sustentam a vida e que comprometa tanto o presente como o futuro da humanidade”.

Considera também que “o momento é de preocupação com os extremismos que se aproveitam do cansaço dos cidadãos em relação às atuais formas de exercício da política, tantas vezes demagógicas, do seu alheamento em termos de participação, promovendo o discurso do ódio, do medo, da prepotência, servindo-se, simultaneamente, das regras democráticas para conquistarem poder, para condicionarem os governos nacionais e locais e assim afirmarem uma agenda que os Maçons, em qualquer parte do mundo, só podem repudiar”.

“Estamos, enquanto maçons, na primeira linha de combate a estas ideologias extremistas e totalitárias que se manifestam, em maior ou menor grau, em diversos países democráticos, bem como, infelizmente, também entre nós”, sublinha, apelando ainda a um “jornalismo livre e responsável” que “não ceda a sensacionalismos ou a interesses pessoais e de grupo” para preservar a “trave-mestra” da defesa dos valores democráticos que é a liberdade de opinião.

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